Voto da casa-grande e senzala


Por JORGE SANGLARD Jornalista e pesquisador

14/10/2014 às 06h00

O Brasil está mobilizado para as eleições, e a polarização entre petistas e tucanos tem sido a marca dos últimos embates eleitorais de Norte a Sul. Agora mais que antes; afinal, Dilma não é Lula, e o desafio do PT e do PMDB é impedir a volta do PSDB ao poder. É neste quadro político radicalizado e de alta voltagem que os eleitores decidirão em quem votar. A hora e a vez da verdade no país da casa-grande e da senzala cobram posições claras de todos.

Dilma/Lula enfrentam Aécio/FHC. E o que está em jogo no tabuleiro eleitoral é o modelo de gestão que prevalecerá em 2015 e até 2018. Depois de dois mandatos de FHC, de dois mandatos de Lula e de um de Dilma, o país se vê, mais uma vez, entre petistas e tucanos na disputa para presidente.

A vitória de Aécio representa o retorno ao neoliberalismo, que prevaleceu na política de FHC e seu governo. E a perspectiva desse apavorante retorno ao passado, como aponta o PT e também o PMDB, torna a disputa mais radicalizada. Por seu lado, a perspectiva de vitória de Dilma faz o PSDB partir para cima do Governo com todo o tipo de denúncias. Se o anúncio da volta de Armínio Fraga como ministro da Fazenda de Aécio causa urticária nos petistas e peemedebistas, a continuidade da dobradinha PT-PMDB também causa urticária no PSDB e em seus aliados.

O que está claro como céu de brigadeiro é que a tão propalada terceira via sucumbiu ante a força partidária representada, de um lado, pela aliança PT-PMDB e, de outro lado, pelo PSDB e seus aliados. E essa realidade eleitoral polarizada eleva a temperatura do debate sobre que caminho o Brasil vai trilhar daqui para frente. Dilma argumenta sobre a importância da manutenção da política social, que melhorou a vida de boa parte dos condenados à miséria e à exclusão, e anuncia que vai investir ainda mais em educação e em saúde. Já Aécio denuncia o baixo crescimento econômico, a inflação e alega a incapacidade de conter a corrupção pelo Governo.

Como se vê, o combustível da conjuntura permite prever um embate radicalizado e passional no rumo das urnas. O que é imperdoável e intolerável é que setores da sociedade estimulem o preconceito social e o racismo geográfico na tentativa de explicação da vontade eleitoral expressa pelos brasileiros. O brasileiro vota de acordo com suas opções, e isso é um pressuposto da democracia. Não entender isso é contribuir para confundir as coisas e ampliar o preconceito social e o racismo geográfico em nosso país continental, diverso e multicultural.

No mais, o eleitor brasileiro vai definir o futuro imediato no voto. E o que se espera é que a maioria acerte. Caso contrário, todos pagam a conta.

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