Caridade e salvação
“Um gesto de caridade, por menor que pareça, é um passo firme para se viver o Amor do Cristo em toda sua plenitude”
No entendimento popular e superficial, caridade é a doação de algo material, qualquer coisa que se doe a alguém mais necessitado. Salvação, por sua vez, é entendida como uma autorização concedida pela divindade para que uma alma escolhida possa habitar um lugar na eternidade em que viva em estado de contemplação.
No Evangelho Segundo o Espiritismo está explicitado: “Fora da caridade não há salvação”. Também encontramos na mesma fonte a afirmativa: “Deus é amor”. Unindo essas duas informações muito relevantes, vamos entender que a prática da caridade é a manifestação entre os homens desse divino amor, porque o exercício constante e sincero dos atos caritativos inserem o praticante em plena sintonia com as leis de Deus, contribuindo, assim, para o maior e crescente equilíbrio social no meio em que atue. Caridade é a ação firme da benevolência, fazendo o bem sem se importar a quem. Na sequência ordenada pela evolução do conhecimento, aprendemos que salvação é o resultado natural dos atos, obedecendo à lei de Causa e Efeito, que nos explica o processo de salvação como o de purificar-se em sentimentos, a corrigenda íntima dos vícios e más qualidades amealhados ao longo das encarnações passadas, que, no presente, atuam como entraves ao progresso moral e ou espiritual.
A medida que estreitamos nossas relações sociais na esfera da caridade, desabrocham sentimentos até então impensáveis, elevando o nível de percepção a respeito dos envolvidos na respectiva tarefa. A princípio, aquilo que inicialmente era apenas um ato de doação torna-se um momento especial de convivência recíproca; aqueles que eram colegas por instantes passam a ser amigos de tarefas, sentimentos inéditos no íntimo de cada indivíduo, transformando as relações humanas, que passam a se basear na compaixão, na paciência, na tolerância recíproca. Isso porque, vendo a necessidade alheia nas mais variadas formas e gravidades, aprendemos a nos enxergar melhor, deixamos um pouco de lado nosso egoísmo, a vida personalista e insaciável. Por ser reconfortante a doação de si mesmo, lapida o espírito, retirando as mágoas, fazendo nascer a serenidade reconciliatória.
Um gesto de caridade, por menor que pareça, é um passo firme para se viver o Amor do Cristo em toda sua plenitude. Jesus Cristo foi o primeiro a falar, ensinar, praticar e exemplificar a caridade em todos e mais amplos aspectos. A caridade ensinada pelo Cristo de Deus é universal, quer dizer, nunca em momento algum houve a mínima distinção, é incondicional, independendo de raça, religião, cultura, cor, posição social ou qualquer outra diferença.
Todo aquele que age de modo caritativo demostra, naturalmente, compreensão das leis de Deus e auxilia de modo firme para a harmonia do Universo.
Aproveitemos estes tempos em que comemoramos o natalício de Jesus para uma reflexão mais prolongada sobre o ensinamento de Allan Kardec: “Fora da caridade não há salvação”, e nos perguntando íntima e silenciosamente: temos feito caridade?
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