A tal elite brasileira


Por Tribuna

13/11/2015 às 07h00- Atualizada 13/11/2015 às 08h05

“A política e os destinos da humanidade são forjados por homens sem ideais nem grandeza. Aqueles que têm grandeza interior não se encaminham para a política.” Camus, Albert. A desmedida na medida.

O PT morreu, o petismo, não. O petismo é filho do getulismo assim como o kirchnerismo é filho do peronismo, e tais analogias são irmãs. Vou me ater ao quadro político brasileiro, mais precisamente quando Lula e sua turma se esgoelam para dizer que a culpa é da elite: “grupo privilegiado, minoritário, composto por aqueles que são vistos por alguns como superiores por possuírem algum poder econômico e/ou domínio social”.

Ao tomar o poder através de um golpe militar e instaurar uma ditadura, Getúlio Vargas criou o “Governo Provisório” de 1930 a 1934. Em seguida, derrubou a constituição vigente e, com a nova constituição de 1937, que ele mesmo fez, criou o “Estado Novo”, de 1937 a 1945. Tal Governo tinha um caráter centralizador e autoritário. Suprimiu a liberdade partidária, a independência entre os três poderes e o federalismo existente no país. Fechou o Congresso Nacional e criou o TSN, um tribunal de exceção. Em 1945, foi afastado do poder sem sofrer nenhuma punição, nem mesmo o exílio, que ele impusera ao presidente Washington Luís ao depô-lo ainda em 1930. Getúlio não teve os seus direitos políticos cassados e não respondeu a qualquer processo judicial. Retirou-se em sua estância em São Borja – RS. Apoiou a candidatura do general Eurico Gaspar Dutra, seu ministro da Guerra durante todo o Estado Novo, à Presidência da República.

Enquanto Dutra governava, Getúlio “descansava” com seu afilhado político João Goulart, preparando a sua volta para 1950. Finalmente foi eleito (eleito!) para governar até 1955. Teve como ministro da Justiça Tancredo Neves e suicidou-se em 1954. Depois da sua morte, estiveram no poder JK e Jânio. Jânio renunciou em 1961, e seu vice, o afilhado político de Vargas, “Jango”, assumiu o poder. De 1930 a 1964, nada mudou.

Em 1964, os militares (parte da elite brasileira desde a República Velha) tomaram o poder. Em 1985, o então ministro da Justiça de Vargas, Tancredo Neves, ganhou a eleição no Congresso Nacional, mas não assumiu, morreu antes da posse devido a complicações de saúde. Em 1989, os filhos da luta contra a ditadura (tendo Jango como ídolo, o tal afilhado político de Vargas!) tentaram a retomada do poder através de Brizola e Lula, não conseguiram. Assumiu o poder o jovem Collor, neto de Lindolfo Collor, ministro do Trabalho de Vargas. Já em 1994, FHC, filho “intelectual” da luta contra a ditadura, venceu as eleições e promoveu a retomada ao poder da tal elite. Inicia timidamente uma política assistencialista, mas recebe muitas críticas “daquela elite que pegara em armas” lá em 1964, chamando-o de neoliberal (coitado de Milton Friedman!).

Em 2002, Lula ganhou a eleição e iniciou uma desastrosa política econômica e social. Em 2010, fez seu sucessor, que governa o país até hoje. A elite política brasileira é a mesma desde 1930! É esta mesma que faz acordos espúrios no Congresso Nacional para manutenção desta roubalheira. Faltam à tal elite (um grupo de retrógados e caretas) humildade, vergonha na cara, dignidade, honestidade, etc. Bem que Camus tinha razão…

Os comentários nas postagens e os conteúdos dos colunistas não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é exclusiva dos autores das mensagens. A Tribuna reserva-se o direito de excluir comentários que contenham insultos e ameaças a seus jornalistas, bem como xingamentos, injúrias e agressões a terceiros. Mensagens de conteúdo homofóbico, racista, xenofóbico e que propaguem discursos de ódio e/ou informações falsas também não serão toleradas. A infração reiterada da política de comunicação da Tribuna levará à exclusão permanente do responsável pelos comentários.