Atrasos e comboios
Em meus textos à imprensa, tenho abordado com frequência os problemas criados pelo transporte público. O vídeo que aparece na reportagem sobre os cinco ônibus parados no final da linha 501, Padre Café/Jardim Glória, não é de minha autoria, mas fui eu quem o postou no Facebook. A situação mostrada no vídeo é recorrente em quase todas as linhas de quase todas as empresas. Qualquer pessoa pode observar o que acontece com o sistema de transporte público que serve à cidade. É desorganizado, mal administrado, mal fiscalizado, e a Settra sempre apresenta justificativas esdrúxulas para os erros cometidos.
As empresas são culpadas porque sabem dos acontecimentos, mas os chefes de tráfego são coniventes com os motoristas, e estes, por sua vez, se respaldam no sindicato da classe, que manda e desmanda nas empresas, fazendo sempre o que bem entende. Segundo os conhecimentos que adquiri durante o curso de mestrado em engenharia de transportes na Coppe-UFRJ, ônibus não pode ficar parado. Ônibus parado representa prejuízo para o sistema, para o empresariado e para o usuário. Ou será que eles não sabem disso? Portanto, sem essa de fazer paradinhas no final da linha; coletivos urbanos têm que circular sem cessar.
Na verdade, todo mundo da área de transportes sabe disso, mas enquanto não for colocado em prática o sistema GPS (global positioning system), que se traduz por sistema de posicionamento global, ou ITS (intelligent transport system), ou sistema inteligente de transportes, que possibilita o monitoramento de toda a frota em tempo real, as coisas vão continuar como estão. Com esses sistemas em funcionamento, além do monitoramento da frota, ainda há a possibilidade de interação da empresa com os motoristas e a possibilidade de manter o usuário informado sobre a rota e o horário do seu ônibus, com painéis instalados dentro do veículo e nas plataformas de embarque/desembarque, sendo até mesmo possível disponibilizar a informação nos celulares dos usuários. Enquanto esta providência não for adotada, o sistema de transportes continuará circulando em comboios e prejudicando a mobilidade urbana e a qualidade de vida da população.