A delação preparada


Por PAULO CESAR DE OLIVEIRA, JORNALISTA E DIRETOR-GERAL DAS REVISTAS VIVER BRASIL E ROBB REPORT

13/01/2015 às 08h12

Cheira mal a acusação que, do nada, surgiu contra o ex-governador e hoje senador eleito pelo PSDB de Minas, Antonio Anastasia. Um policial federal, em depoimento na operação “Lava jato”, afirmou ter repassado, em nome do doleiro Alberto Youssef, dinheiro vivo a vários políticos, entre eles o ex-governador mineiro. Dinheiro que diz ter entregue, pessoalmente, ao então governador numa casa não identificada. A acusação, feita no âmbito da delação premiada, soa mais como uma delação preparada, destinada a atingir um alvo específico.

À maioria dos mineiros, ela parece tão verdadeira quanto uma nota de R$ 3. A reação de indignação de Anastasia representa o sentimento de todos que o conhecem. Até seus mais ferrenhos adversários reconhecem a lisura de seu comportamento em todos os cargos que ocupou, inclusive em ministérios do Governo Fernando Henrique, tendo sido secretário-executivo dos ministros Paulo Paiva (que trouxe Anastasia para a administração pública no Governo de Hélio Garcia) e Jose Gregori.

O ex-governador é uma das figuras inatacáveis e, por isso mesmo, foi o escolhido para ser trazido para a lama em que estão chafurdando políticos da base do Governo federal. Já se sabe que Anastasia será um dos melhores senadores e quiseram atingi-lo antes de assumir. Com certeza, o tiro vai sair pela culatra. É a velha tática de imputar aos outros o seu comportamento, numa tentativa de dizer que todos fazem o mesmo. Nada mais covarde e indigno.

O tal policial citou ainda o deputado Eduardo Cunha, do Rio de Janeiro, que ameaça vencer a disputa para a presidência da Câmara Federal, derrotando o candidato de Dilma e Lula. Estranha coincidência que precisa ser esclarecida. Faz bem o senador Anastasia em se indignar e exigir apuração rigorosa dos fatos e da denúncia, com uma acareação, se necessária, entre ele e seu acusador.

Seu advogado é o professor Maurício Campos Júnior, que foi secretário de Defesa Social no primeiro mandato de Aécio em Minas. Apurar os fatos significa chegar às origens da acusação. Inclusive ao nome de quem a armou. Em tempo: em seus mais de 20 anos nas administrações públicas em Minas e em Brasília, onde exerceu cargos importantes, Anastasia jamais foi acusado de qualquer deslize, por menor que seja.

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