Você


Por Marcel Angelo, doutor em linguística pela UFJF e assessor de imprensa na Universidade Federal de Viçosa (UFV)

12/10/2018 às 07h00- Atualizada 13/10/2018 às 14h18

Você não deve reagir a um assalto. Acredite: já avaliei (literatura sobre o tema revisada; em havendo dúvidas, sugiro Freakonomics, livro interessante) e não vale a pena. Claro que parece óbvio, que todo mundo diz isso, até para fazer as vezes de sensato e equilibrado. Mas, devo lamentar, a impressão – nem tão distante da realidade – é que muitos de nós queremos agir hollywoodianamente, dar umas duas ou três cambalhotas e desarmar o safado. Creia: dá ruim.

Há pouco tempo, escapei de um assalto. Dentro do Campus da Universidade Federal de Viçosa (UFV). Minutos depois do ocorrido, o casal que foi vítima me pediu ajuda: não tinham mais celular. Eu estava correndo naquela hora e, se não fosse por vários eventos anteriores, bem provavelmente estaria mais ou menos nas imediações do roubo – que, cabe frisar, foi à mão armada.

Pode-se discutir todas as responsabilidades e os fatores que vieram a desencadear o crime em questão. Jamais, no entanto, devemos nos eximir de nossa própria parcela de autopreservação: não há como vigiar todos os lugares permanentemente, então é melhor ter prudência e, como passei a fazer a partir do episódio relatado, evitar ambientes vazios em determinados horários.

E é aí que chego aonde eu queria: você quer viver. Mesmo que se chateie eventualmente, a natureza o compele. Não tem jeito: é imperativo. Estamos aqui para isso, pela vida, e não é papo religioso (com todo o respeito que tenho, sinceramente, pelas religiões). Temos que seguir em frente, e isso não é conversa de autoajuda, coaching ou similares. Se ficar triste, aceite. Uma hora passa. Você é importante para alguém, então, cuide de si. Enfim, uso “você” pois há vasta evidência científica de que essa palavra influencia bastante. Espero que o que eu disse aqui ajude você ou alguém a se manter vivo.

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