Desejo e ação
Ainda não completamos a primeira quinzena do ano, que mal se iniciou, e, lamentavelmente, vemos o espírito natalino deixar o convívio.Tal como os enfeites da época, ele foi retirado sorrateiramente das casas e ruas. Claro que não pretendemos a infantilidade de transformar a vida em uma festa, falamos do espírito do Natal, aquela emoção como se fosse alienígena invadindo a todos, se manifestando no sorriso, nos votos de boas festas e ecoando nos desejos de um feliz ano novo.
Em um lamentável passe de mágica, abandonamos as alegrias, assumindo a carantonha, travestidos de uma seriedade que de fato esbarra no mau humor e pouca educação no trato com o semelhante; saímos para a vida, como quem empunha o gládio rumo ao circo máximo. A vida é dura, se não é forte, seremos derrotados; o sol nasce para quem luta. Afirmativas desse porte invadem tantos corações que o mundo passou a ser visto como uma arena, e seus habitantes são divididos em dois grupos: vencedores e vencidos. De fato, olhando um pouco mais atentamente, veremos que toda essa pobre filosofia não passa de uma justificativa tola e mesquinha para se manter a sociedade nesta mísera condição em que se encontra.
Cada pessoa é o que pensa a carga de raciocínio e de emoção, ou vice-versa, movimenta as ações, e cada uma somada resulta no espectro social, que por sua vez tem as nossas características. É pelo comportamento individual que temos a noção geral de todo um país. Toda ação corresponde a uma reação igual e contrária, ensina a lei da física, que de verdade é Lei Universal, e compõe mais do que um simples comportamento: forma um campo de vibração espiritual no qual estamos imersos em todos os sentidos.
O campo energético mais sensível que notamos nos períodos das festas de final de ano advém das emoções que permitimos fluírem de nosso íntimo sempre que nos despimos da rudeza materialista que nos faz tanto mal. Por que então não rever as emoções que nos impulsionam? Se insistimos em pensar na dor, ela se fará presente; patrocinando a maldade dela, desfrutaremos e, persistindo na ganância, colheremos a solidão. E plenos dessas emoções, não traremos bagagem para desejar nada de bom ou construtivo a ninguém ou muito menos ao novo ano.
Porém, se a nossa opção for viver na busca da felicidade íntima, pensar sempre que somos capazes de vencer as maldades do mundo, entender que as dores nunca serão maiores que o amor divino, acreditar que não nascemos filhos do pecado, e sim do amor, e que Jesus não está morto no madeiro infame, e sim está vivo e é nosso mestre, amigo e atuante em nossos corações, orientando a todos de boa vontade a seguir seus passos. Assim pensando, sentindo e agindo, teremos de fato condições de viver em um feliz ano novo, mantendo as luzes da fé natalina reluzentes em nosso espírito efetivamente cristão.