Mais uma conferência?


Por Tribuna

10/07/2015 às 07h00

José Anísio Pitico da Silva, assistente social

A cidade vive um período fértil no debate público que pode representar uma boa colheita para os gestores públicos municipais na implementação e/ou fortalecimento ou aprimoramento de ações e políticas públicas para os diversos segmentos da sociedade: crianças e adolescentes, pessoas com deficiência, pessoas idosas e juventude. Estes já realizaram as suas conferências municipais. A política pública de saúde e a da assistência social também estão na pauta da cidade e já realizaram seus encontros temáticos. Como se nota, mesmo sem muito barulho, a sociedade está em movimento. Conferências e mais conferências estão sendo realizadas em Juiz de Fora.

O que se espera, e o que se deseja para valer, é que, ao contrário de outras edições, as deliberações aprovadas nestes coletivos de participação social – que são as conferências – e estas indicações exaustivamente defendidas e aprovadas em plenária não fiquem mofando nas gavetas das mesas dos nossos gestores públicos municipais. Não merecemos este tipo de tratamento, de indiferença pública, para com o que é do público. Portanto, afirmo que é necessário haver a realização de mais uma conferência, sim, e de quantas forem preciso; porque é vital para a democracia o exercício da conversa, da construção do diálogo, do debate. É extremamente saudável fazer política pública, principalmente no ambiente por onde trafegamos, que é Gestão Pública e o Controle Social, através dos diversos Conselhos de Políticas Públicas em que entregamos nossas forças e nossos sonhos na direção de uma cidade para todas as idades.

Em que pese estarmos vivendo em um outro referencial de relações sociais (líquidas) para uma sociedade cada vez mais consumista e individualista, é preciso estarmos atentos e fortes, como diria o nosso grande mestre da política Ivan Barbosa: “não podemos retroceder”, “é chegada a hora”. Um parêntesis: que bela e justa homenagem que a IV Conferência Municipal dos Direitos da Pessoa Idosa prestou à memória deste histórico militante político e líder sindical que nos deixou recentemente. Temos uma cultura pública em que ainda prevalece a inexistência de gestões compartilhadas dentro do mesmo governo. As políticas não se falam, ou melhor, os gestores, de um modo geral, não se comunicam entre si sobre seus planejamentos nas pastas que dirigem. “É cada um no seu quadrado.” A sociedade clama por uma gestão que incorpore as suas demandas diárias. As pessoas, cidadãos e cidadãs, querem participar da vida da cidade; mais do que terem mais informações, elas querem é ser mais. Mais respeitadas, valorizadas, tratadas com educação e dignidade. Chega de embromação, de prometer o que não vai ser feito. Estamos passando a República a limpo. Um novo tempo, apesar dos castigos!

A realização destas conferências, nestes tempos mortos de tanto ódio e intolerância de vários graus, traz um frescor muito grande na esperança de possíveis novos dias, e na certeza de que uma outra sociabilidade poderá ser realizada. Na contribuição do músico mineiro Beto Guedes, finalizo com este trecho dele: “vamos precisar de todo mundo para varrer a opressão e construir uma vida nova”.

Os comentários nas postagens e os conteúdos dos colunistas não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é exclusiva dos autores das mensagens. A Tribuna reserva-se o direito de excluir comentários que contenham insultos e ameaças a seus jornalistas, bem como xingamentos, injúrias e agressões a terceiros. Mensagens de conteúdo homofóbico, racista, xenofóbico e que propaguem discursos de ódio e/ou informações falsas também não serão toleradas. A infração reiterada da política de comunicação da Tribuna levará à exclusão permanente do responsável pelos comentários.