Aquele que ama


Por IRIÊ SALOMÃO DE CAMPOS Comunidade Espírita A Casa do Caminho

10/01/2015 às 07h00

Já há muito, a fraternidade foi afastada da rotina sociopolítica brasileira. Antes, as diferenças sociais comoviam a população, provocavam estudos científicos, exigiam políticas públicas, faziam emergir ações comunitárias, e as entidades religiosas traziam para sua rotina diária a divulgação do ensino primeiro: amar a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a si mesmo. Hoje tudo isso escasseou.

O socorro ao próximo não se faz com simples doações, é um longo e dedicado trabalho de soerguimento; educação moral ensinando que, mesmo sofrendo percalços da vida material, ele é filho de Deus e, como tal, não está entregue à sorte ou à suposta benesse de um punhado de trocados mensais. A fraternidade, quando enriquecida pelo trato pessoal, transforma-se em célula de luz que se espalha de um para o outro, impregnando toda uma geração e as outras no porvir, não se restringindo a um número impresso em um cartão temporário. É necessário que se faça a valorização do homem em sua mais plena dignidade, não reduzindo as potencialidades sociais de uma nação à simplicidade de ações partidárias eleitorais.

O homem, despido de amor, considera os irmãos em sofrimento uma ameaça provável, o que o leva a recrudescer seu orgulho e egoísmo, contribuindo de modo significativo para a derrocada social e fatalmente será acometido pelo pessimismo, como a terra seca sofrerá acúmulo de pó.

À medida que a fraternidade vem sendo excluída de nosso convívio, vamos nos recolhendo à intransigência, refutando qualquer possibilidade de carinho e afeto, refugando toda ação do amor e vamos recuando desencantados, crendo na maldade e umedecendo a lama do materialismo, sobre a qual caminhamos nossa vida. Nesse passo, não sabemos querer senão a nós mesmos, seguindo no rumo contrário ao ensinado pelo Mestre de Nazaré: amar ao próximo como a si mesmo.

Quem ama sabe compreender, e é na compressão que aprendemos a nos livrar da inveja, a fechar nossos ouvidos aos venenos do escândalo. Vamos descobrindo a maneira íntima de trazer o coração à luz superior que emana nas emoções maiores, as quais nos permitem reconhecer que somos irmãos uns dos outros, estimulando o compartilhamento da mensagem Cristã em sua mais pura essência. Exercendo a fraternidade, exercitamos o amor fazendo sucumbir a lama e a poeira do caminho, elevando acima de nossas cabeças a chama do amor exemplificado por Cristo, que nos disse: “Aquele que ama seu irmão está na luz, e nele não há escândalo” (I João: 2:10).

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