Rebaixamento da ferrovia


Por JOSÉ LUIZ BRITTO BASTOS, MESTRE EM ENGENHARIA DE TRANSPORTES

08/09/2015 às 08h28

Até o dia 26 de agosto de 2015, haviam sido registrados 12 acidentes envolvendo os trens que atravessam a cidade. Desses 12 acidentes, 11 referem-se a pessoas atropeladas e um a abalroamento de veículo. Em 2014, foram 14 acidentes. Ora, ser atropelado por um trem é algo inadmissível, por total imprudência daqueles que ousam desafiar gigantescas locomotivas, que pesam acima de 200 toneladas. Além disso, um comboio pode pesar entre três mil (vazio) e 15 mil quilos (carregado), e, para frear locomotivas e vagões (em geral, mais de cem), são necessários de 300 a mil metros.

No Brasil e no mundo, são várias as cidades em que os trens passam por linhas cravadas no meio das ruas, mas, em Juiz de Fora, o intenso tráfego de trens pela área central da cidade tem sido um transtorno não somente em relação à segurança como também quanto às interferências na mobilidade urbana, em razão do fechamento das passagens de nível existentes ao longo desses seis quilômetros de linha que cortam o adensado Centro da cidade.

Por todas essas razões, urge encontrar uma solução para que os trens não sejam causa de problemas para a sociedade. Sabemos que a ferrovia é importantíssima para Juiz de Fora, logo, deve ser mantida; assim sendo, três são as opções apresentadas como solução para que o trem continue trafegando pela cidade sem gerar transtornos, a saber: a construção de trincheiras sob as passagens de nível, a implantação de um anel ferroviário (extensão de 40km) e o rebaixamento da linha férrea nos seis quilômetros que atravessam a área central da cidade.

As trincheiras são de custo menor, solucionam os problemas da mobilidade urbana, mas os trens continuarão a oferecer riscos à segurança das pessoas. O anel ferroviário acaba de vez com os problemas da segurança e da mobilidade urbana, porém é obra de alto custo (R$ 1 bilhão). A terceira opção (ainda não cogitada) seria rebaixar a ferrovia nesse trecho crítico de seis quilômetros em pleno Centro da cidade. O rebaixamento mantém a linha férrea onde está, só que numa profundidade nove metros abaixo do nível atual. A medida possibilita a implantação de trilhos em binário, permitindo o transporte de cargas e de pessoas sem conflitos. Esta opção possibilitaria a passagem livre e tranquila dos trens pela cidade, sem riscos e incômodos à população. O projeto pode ir além, como contemplar a cidade com a construção de uma avenida sobre parte do rebaixamento, a exemplo do que se fez com sucesso na cidade de Maringá/PR. A opção pelo rebaixamento dos trilhos da ferrovia, além de custar cinco vezes menos que o anel ferroviário, resolve, definitivamente, um sério problema que se arrasta no tempo.

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