Cultura x pichação


Por RICARDO BARCELLOS, ARTISTA PLÁSTICO

08/01/2015 às 07h00

Durante a execução de trabalhos artísticos em vários locais da nossa cidade, tenho observado, muito frequentemente, o interesse e a curiosidade das pessoas. São mulheres, crianças, homens sempre a perguntar, comentar sobre este ou aquele detalhe; isso demonstra o fascínio que a arte exerce sobre as pessoas, despertando-lhes a sensibilidade. As crianças vibram, querem pôr a mão, sentem-se orgulhosas quando permito uma pequena participação.

Em oficina realizada recentemente no presídio, pude comprovar a total integração entre os participantes. Os detentos mostraram-se altamente interessados e participativos. Alguns demonstrando talento na elaboração dos painéis e vontade de participar, pois assim eles usam de sua criatividade. Tenho certeza de que, apesar das circunstâncias, foram momentos de felicidade e realização para eles, e para mim inclusive.

Por participar também de oficinas e palestras em escolas, posso observar o interesse pelas artes plásticas em todas as suas formas. Encantam e despertam o interesse dos ouvintes e/ou “participantes” quando é oficina.

Através dessas observações, todos os artistas poderiam se unir para oferecer a possibilidade de realizar oficinas de artes plásticas em escolas de periferia, centros de recuperação para dependentes químicos, centros de assistência a idosos, presídios e outros locais que permitem esse despertar da criatividade.

Acredito ser uma forma lúdica e democrática de levar atividades culturais diferenciadas a pessoas que jamais tiveram oportunidade de exercitar sua capacidade criativa. Trabalhar formas e cores, manipular pincéis e outros materiais é descobrir um mundo mágico de emoções. É permitir a liberação de vontades, sonhos e criação de cada um.

As oficinas com crianças, além do aspecto lúdico, funcionariam como incentivo para talentos natos. Seriam oficinas curtas e periódicas, temas livres, nada obrigatório. Sei de inúmeros exemplos de projetos assim colaborativos com resultados plenamente satisfatórios. Estou atento a esse tipo de artigo por acreditar que a arte é livre e libertadora, permitindo o fluxo de energia que se obtém através de formas, cores, poemas, poesias, etc., levando assim a conscientização para a criança que pichação não é arte. Muito me entristece e preocupa andar pela cidade, pois a cada dia mais aumentam as pichações. Por que não implantar essas oficinas em nossa cidade?

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