Prevenção da exploração do meio ambiente
Ontem, 6 de novembro, comemorou-se o Dia Internacional para a Prevenção da Exploração do Meio Ambiente em Tempos de Guerra e Conflitos Armados, pouco divulgado, pouco comemorado. Instituído pela Organização das Nações Unidas (ONU), esse dia tem como principal objetivo construir a paz. “Neste dia, reafirmamos nosso compromisso em gerir de forma sustentável e salvaguardar os recursos naturais, vitais em tempo de paz e de guerra. Façamos mais para prevenir conflitos por causa dos recursos naturais e maximizemos seus benefícios para manutenção e construção da paz” (secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon).
Existe uma relação complexa entre guerra e meio ambiente. “O meio ambiente é um bem coletivo, patrimônio de toda a humanidade”, afirma o Papa Francisco na sua carta encíclica “Laudato Si” sobre o cuidado da casa comum, n° 95. Seus recursos naturais estão a serviço de todos os homens. “A guerra causa sempre danos graves ao ambiente e à riqueza cultural dos povos, e os riscos avolumam-se quando se pensa nas armas nucleares e armas biológicas”, acrescenta o Papa (L.S. n° 52). Os recursos naturais – como madeiras, minérios, petróleo, gás, que alimentam guerras e conflitos armados – fazem falta para um desenvolvimento sustentável do mundo, causando fome e miséria. A guerra, além de causar destruição de bens materiais, aniquila, de modo irreparável, bens artísticos e culturais, verdadeiros patrimônios da humanidade. Ora, “o desaparecimento de uma cultura pode ser tanto mais grave do que o desaparecimento de uma espécie animal ou vegetal”, afirma o Papa Francisco (L.S. n° 145).
Hoje, o mundo está ainda em guerra, nada menos que 18 conflitos violentos são reconhecidos pela ONU, principalmente no Oriente Médio e na África. O secretário-geral da ONU reconhece: “Mesmo com as ações da ONU para suavizar os riscos ambientais e construir a paz, aproveitando o potencial econômico do uso dos recursos naturais de forma sustentável, a situação do mundo é preocupante, pois o meio ambiente permanece entre as principais vítimas da guerra” (Ban Ki-moon).
No Brasil, não temos guerra propriamente dita, mas temos uma indústria armamentista que devora recursos naturais importantes que ajudariam a terminar com a fome. A mudança do texto-base do Novo Estatuto do Desarmamento, aprovada na semana passada, vai na contramão de outros países, como os Estados Unidos, e abranda as exigências para compra e porte de armas, aumentando seu número e sua difusão na população, o que, consequentemente, agrava o número de mortes sobre tudo de jovens.
O Dia Internacional de Prevenção da Exploração do Meio Ambiente, mesmo sem comemoração oficial, nos alerta sobre a preocupação do meio ambiente e nos convida a perseverar no estudo e na reflexão da Encíclica do Papa Francisco sobre o cuidado da casa comum.