Racismo e feminismo
Nas redes sociais, frequentemente, surgem posts minimizando denúncias de racismo e lutas feministas como “mimimi”, ou seja, nada mais que choro exagerado. Trata-se de uma ironia que já custou e vai custar as lágrimas e as vidas de muitos negros e mulheres covardemente assassinados e humilhados diante de uma sociedade civil que, comodamente, se esconde sob o véu do racismo e do machismo excludente.
A escravidão no Brasil foi marcada por muita dor, descaso, injustiça e violência. Negros vieram da África transportados nos navios negreiros sob uma condição extrema de animalidade, enfrentando fome e a mais completa falta de higiene. Expostos no mercado para a venda, eram tratados sem qualquer dignidade.
Milhares de mulheres negras eram sistematicamente estupradas por seus senhores e capatazes. Número indefinido de escravos foi torturado e assassinado. Depois de séculos, veio a abolição da escravatura, sancionada no dia 13 de maio de 1888, mas nem tudo foi festa, porque um exército de negros foi parar nas ruas: desocupados, mendigos, crianças e idosos sem qualquer perspectiva de vida digna, senão perambular pelas ruas à procura de restos de comida ou nem mesmo isso. A libertação dos negros fez disparar o número da população de miseráveis do Brasil de antes, criando os deserdados da República que foram largados à própria sorte.
O movimento feminista surgiu durante o século XIX e foi bastante influenciado pela Revolução Francesa. As desigualdades eram ultrajantes entre homens e mulheres, e estas sequer tinham direito a voto. No sentido único da palavra, prestavam apenas para cuidar dos filhos, do lar e eram tratadas como máquinas reprodutoras de filhos e de prazer do homem, fora a opressão psicológica. Diversas ondas feministas surgiram, sendo que a terceira teve início na década de 1990: fim da desigualdade salarial entre homens e mulheres, combate aos diferentes tipos de assédio (moral e sexual), fim da violência contra a mulher, direitos relacionados à maternidade e amamentação, dentre outros.
Precisamos tirar o véu da sociedade civil brasileira diante do preconceito contra negros e da ideia de que mulher deve ser submissa ao homem. É o fim de um pensamento retrógrado e hipócrita que submete o ser humano aos porões da ignorância e da covardia, porque negros e mulheres devem ser tratados com toda a dignidade e respeito. Temos que dar um basta ao feminicídio e ao preconceito racial!
Covarde o homem que submete a mulher a um tratamento desumano! Covarde o branco que se considera superior a um negro! Utilize a expressão “sapere audel” que significa “tenha coragem de pensar por si mesmo” e faça uso da sua própria razão.
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