Orai e vigiai
Toda atenção é pouca nos momentos de emoções extremas. Se estamos com muita raiva, cuidado, mais um passo adiante, e saltamos ao patamar da violência. Se a emoção que nos invade é da alegria ou excitação, alerta total, estamos nos aproximando do abuso irresponsável. Se, ao contrário, somos acometidos pela dor, por falta de emprego, o dinheiro desaparece do bolso e nosso amor se foi, caímos em profundas tristezas, pensamos ser o abandonado do mundo e a pior das criaturas. Temerosos quanto ao futuro, não encontramos segurança em mais nada que de nós está visivelmente próximo; então, nos lembramos do Altíssimo e a Ele pedimos socorro e, chorosos, oramos.
Como se vê nessas poucas palavras que traduzem um rápido pensamento, podemos concluir que a dor, por pior que pareça, é nossa amiga, visto que nos relembra e nos aproxima de Deus, e, por isso, o perigo que nos ronda não reside no sofrimento, mas nos momentos em que nos encontramos distraídos pelos encantos passageiros do mundo. “O mundo nos atrai e depois nos trai.”
Na oração dominical, o Mestre Jesus nos ensinou o “Pai nosso”, e, na última frase desta que é o marco do Cristianismo, vemos na tela mental e falamos: “não nos deixeis cair em tentações, mas livrai-nos do mal”.
A humanidade, ainda na infância espiritual, inventou a figura diabólica de Satanás; esse, como o agente de nossas tentações pecaminosas e, consequentemente, de nossa condenação. Entretanto, o que o Mestre de Nazaré usou nessa rogativa não é a fatalidade da sentença eterna e, sim, o fato de ser posto à prova.
A vida é uma escola, todos sabemos, e, como tal, estamos sempre sendo postos a provas. Logo, não pediremos ao Pai o afastamento das avaliações, quando as tivermos; rogaremos, sim, que nos dê forças para delas sairmos vitoriosos.
Sabemos que o pensamento é vibração e, segundo sua frequência, nos conectamos em sintonia com os diversos planos espirituais. Conforme sejam nossos desejos, o que equivale dizer os sentimentos, se puros, idealistas, construtivos, nos mantemos em comunicação com seres de elevada condição, cujo resultado é uma vida bem orientada e suave. Pouco nos afetando se o meio à nossa volta está agitado, em revolta ou em desequilíbrio. Nosso coração é serenado pelas emanações superiores, não como um privilégio, mas por consequência da luta diária na obediência absoluta ao ensino do Mestre Jesus, “orai e vigiai, para não cairdes em tentação”.
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