Eleições 2014
Norberto Bobbio (filósofo político, historiador do pensamento político e senador vitalício italiano), em “Teoria geral da política: a filosofia política e as lições dos clássicos”, citando Carl Shmitt (jurista, filósofo político e professor universitário alemão), revela-nos a ideia de política enquanto relação amigo-inimigo, em que “o campo de origem e de aplicação da política é o antagonismo, cuja função consistiria na atividade de agregar e defender os amigos e de desagregar e combater os inimigos”.
No atual cenário político brasileiro (principalmente nas redes sociais), muitos buscam defender suas convicções, diga-se de passagem quase que desesperada e ensandecidamente, não percebendo (talvez por falta de leitura, talvez por serem facilmente manipulados pela “mass media”) que devem considerar que, na filosofia política moderna, aquilo que é político não necessariamente coincide com o social; por exemplo, o poder religioso e o poder econômico.
Na visão de Bobbio, política e moral estão ligadas à ação humana (práxis); aquilo que fundamenta ou motiva, ou aquilo que é permitido ou proibido, nem sempre tem o mesmo sentido para a política e para a moral. Isto posto, tem-se que a política seria a razão do Estado, enquanto a moral seria a razão do indivíduo. Diante do cenário político atual, e tomando por base o raciocínio de Norberto Bobbio, questiona-se: afinal, qual partido político exerce o poder no país?
No final do pleito, após todas as escaramuças, após toda a “cortina de fumaça”, após toda rede de intriga, de fatos implantados, de verdades não sabidas e parcialmente reveladas, um único partido sairá incólume, vencedor nas eleições de 2014. Dentre os 26 estados e DF, o PMDB irá emplacar sete: AL, AM, CE, ES, RJ, RN, SE e TO (sem contar o número de cadeiras no Legislativo).
E aí, enquanto muitos ficam a se digladiar com infinitos “coelhos tirados da cartola”, defendendo este ou aquele presidenciável, multiplicando inverdades, torcendo para que suas opiniões (carregadas de “complexo de bastardia” – em alusão a Leopoldo Zea) estejam corretas, esquecem que o pleito mais importante é para o Legislativo!
Se se querem reformas constitucionais, combate mais efetivo à corrupção (ou como disse Jânio Quadros nos idos de 1961: espórtulas constrangedoras que os congressistas estavam acostumados a exigir para aprovar leis de interesse da nação), erradicação da pobreza, da fome… Se se quer uma melhor distribuição de renda, uma educação de qualidade, desenvolvimento tecnológico e científico…. Se se quer um país de primeiro mundo (ou seja lá o que isso quer dizer), deve-se pensar em qual deputado (federal/estadual) ou senador eleger (ao menos, votar), pois, de acordo com uma lista publicada pelo STF, entre junho e agosto de 2013, 224 (dos 594) parlamentares federais respondiam a acusações criminais. Entre 13 de junho e 14 de agosto de 2013, uma lista emanada do STF (Supremo Tribunal Federal), na qual constam os nomes dos senadores e deputados que respondiam a acusações criminais no STF (542 inquéritos e ações contra 224 parlamentares federais).
Só para constar: 513 deputados + 81 senadores = 594 parlamentares. Diante do cenário atual, tem-se por certo que a ação política é motivada por razões que não são as mesmas da ação individual.