A impossibilidade de ordenar diaconisas
“É claro que a presença e o papel da mulher na vida e na missão da Igreja, mesmo não estando ligados ao sacramento da Ordem, permanecem, no entanto, absolutamente necessários e insubstituíveis.”
Em recente entrevista concedida a Norah O’Donnell (diretora do CBS Evening News, principal telejornal da CBS News, uma das maiores redes de televisão dos Estados Unidos), o Papa Francisco esclareceu que não é possível a ordenação de diaconisas na Igreja Católica. É verdade que o Papa permitiu um estudo a respeito da função que exerceram as diaconisas na Igreja primitiva. Contudo, não se pode afirmar que essas diaconisas mencionadas na Bíblia tenham sido ordenadas. O fato é que só um varão (homem) pode receber validamente a ordenação sagrada, nos diz a legislação canônica (cânon 1024).
O Catecismo da Igreja Católica afirma que “desde o Concílio Vaticano II, a Igreja latina restabeleceu o diaconato como grau próprio e permanente da hierarquia, ao passo que as Igrejas do Oriente sempre o mantiveram” (Catecismo da Igreja Católica nº 1571). A Igreja explica que no grau inferior da hierarquia encontram-se os diáconos. Os diáconos recebem o sacramento da Ordem “não para o sacerdócio, mas para o serviço”, e cabe a eles, entre outros serviços, assistir ao bispo e aos padres nas celebrações, sobretudo a Eucaristia, distribuir a Comunhão, assistir ao matrimônio e abençoá-lo, proclamar o evangelho e pregar, presidir funerais.
Ensina a doutrina católica que os graus de participação sacerdotal (bispos e padres) e o de serviço (diáconos) são conferidos por um ato sacramental chamado “ordenação”, isto é, pelo sacramento da Ordem. A Igreja Católica defende que não é admissível ordenar mulheres, por razões verdadeiramente fundamentais. São elas: o exemplo de Cristo, que escolheu os seus apóstolos só entre os homens; a prática constante da Igreja, que imitou Cristo ao escolher só homens; e o seu magistério vivo, o qual coerentemente estabeleceu definitivamente que a exclusão das mulheres do sacramento da Ordem está em harmonia com o plano de Deus para a sua Igreja.
A Igreja explica que “ninguém tem direito a receber o sacramento da Ordem. De fato, ninguém pode arrogar-se tal encargo. É um chamado dado por Deus. Aquele que julga reconhecer em si sinais do chamamento divino ao ministério ordenado, deve submeter humildemente o seu desejo à autoridade da Igreja, à qual cabe a responsabilidade e o direito de chamar alguém para receber as ordens. Como toda e qualquer graça, este sacramento só pode ser recebido como um dom imerecido” (Catecismo da Igreja Católica nº 1578).
É claro que a presença e o papel da mulher na vida e na missão da Igreja, mesmo não estando ligados ao sacramento da Ordem, permanecem, no entanto, absolutamente necessários e insubstituíveis. “De resto, o fato de Maria Santíssima, Mãe de Deus e Mãe da Igreja, não ter recebido a missão própria dos apóstolos nem o sacerdócio ministerial, mostra claramente que a não admissão das mulheres à ordenação sacerdotal não pode significar uma sua menor dignidade nem uma discriminação a seu respeito, mas a observância fiel de uma disposição que se deve atribuir à sabedoria do Senhor do universo” (São João Paulo II: Carta Apostólica Ordinatio Sacerdotalis nº 3).
O apóstolo Paulo nos diz que “o único carisma superior, a que se pode e deve aspirar, é a caridade” (1 Cor 12-13). Os maiores no Reino dos céus não são os ministros, mas os santos” (São João Paulo II: Carta Apostólica Ordinatio Sacerdotalis nº 3). “Chamando só homens como seus apóstolos, Cristo agiu de maneira totalmente livre e soberana. Fez isto com a mesma liberdade com que, em todo o seu comportamento, pôs em destaque a dignidade e a vocação da mulher, sem se conformar ao costume dominante e à tradição sancionada também pela legislação do tempo” (São João Paulo II: Carta Apostólica Mulieris Dignitatem” nº 26). Quando a Igreja fala de ordenação, ela se refere ao âmbito da função, não da dignidade e da santidade. A grande dignidade vem do batismo, que é acessível a todos.
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