A descrença na política


Por ANTÔNIO JORGE DE SOUZA MARQUES, DEPUTADO ESTADUAL (PPS)

04/08/2015 às 07h00

Em tempos de descrédito total com a política e com os políticos, recente pesquisa do Datafolha identificou que “partido político” é a instituição com menor credibilidade no país. A frustrada reforma política desenhada pelo nosso Congresso Nacional parece ter a finalidade última de representar a simbólica pá de cal em nossas expectativas por mudanças importantes neste cenário.

Na campanha eleitoral do último ano, fui confrontado inúmeras vezes pela desconfiança dos cidadãos, sem esperanças e, não raro, hostis à tentativa de discutirmos a cena eleitoral. Na verdade, nós, que vivenciamos a política e dialogamos com as instituições dela derivadas, enfrentamos um duplo fenômeno. Por um lado, a crise global da política representativa, desafiada por novas e poderosas formas de participação da sociedade no dia a dia do país. Por outro, no caso nacional, somos atravessados por uma crise moral na vida institucional sem qualquer precedente em nossa história.

A corrupção a serviço dos interesses partidários e a locupletação explícita de amigos do poder, em total ausência de ética republicana e quase sempre patrocinada pelo Partido dos Trabalhadores (PT), afetaram a credibilidade de toda instituição política, muito além das fronteiras daquele partido.

Soma-se a essa triste realidade um modelo eleitoral que não cria uma ligação política entre o eleitor e o seus representantes, que são eleitos sem maiores compromissos com a ideologia partidária e com a população. Essa conjuntura se agrava ainda mais com a perda de legitimidade dos poderes Executivo e Legislativo, cada vez mais distantes da sociedade.

Acredito que a política só se conserta com a própria política, melhor dizendo, com a boa política, que implica clareza ideológica, em uma visão da vida partidária como meio para a transformação, na coerência e no alinhamento de conceitos, que não se modificam na conveniência de acordos de oportunidades. Acredito também que as mudanças por que a sociedade clama só serão possíveis com o avanço das instituições políticas e com propostas que as reafirmem como instrumento do interesse coletivo.

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