O tempo está passando…


Por PAULO CESAR DE OLIVEIRA, JORNALISTA E DIRETOR-GERAL DAS REVISTAS VIVER BRASIL E ROBB REPORT

03/04/2015 às 06h00

Meras coincidências costumam dar resultados. No mesmo dia em que o novo delegado regional, Luciano Vidal, anunciou que mais um delegado de homicídios vai atuar em Juiz de Fora, ampliando o foco de investigações, circulou em Brasília a informação de que o Governo, em busca de agenda positiva, decidiu desengavetar o projeto que cria um plano nacional para a redução dos crimes contra a vida. O pacto, segundo o jornal “Folha de S. Paulo”, prevê ações de policiamento integrado nos estados e revisão de trâmites do Judiciário nesses crimes. Trata-se de uma clara admissão de que não basta a prisão dos infratores se a Justiça não dá conta, a tempo e à hora, da tramitação dos processos.

Uma das medidas adotadas pela Polícia Civil, certamente, será apertar o cerco ao tráfico de drogas. O chefe do 4° Departamento de Polícia, delegado Saed Divan, admitiu ser esta a matriz para 90% dos homicídios na cidade. Para tanto, o trabalho integrado, que o Governo promete tirar do papel, é estratégico, pois restaura os capilares do sistema, hoje bloqueados pela burocracia e pelo próprio desinteresse das forças em trocar informações.

Em Juiz de Fora, os crimes consumados contra a vida e as tentativas, além das lesões corporais que culminam em morte, estão no topo das ocorrências, o que exige, como admitiram os próprios policiais, uma resposta imediata do Estado, sob o risco de dar força ao mundo paralelo do crime. Hoje, a disputa por território tornou-se uma rotina nas metrópoles, e a cidade não é exceção. Se não houver reação, a população, já acuada, ficará sem saída, pois hoje, em diversas regiões, ocorre a inversão da norma do ir e vir, sendo os criminosos os senhores de vida e morte sobre os moradores.

O tempo vai passando, e, ao que parece, a presidente Dilma vai se perdendo no meio de tanta confusão, sem saber o que fazer. Pelo menos é o que parece. Dilma, na solidão do poder, está mais do que sozinha, pois, como não ouve ninguém, os amigos acabam se afastando ou não palpitando mais. Nem mesmo o seu padrinho e criador, o ex-presidente Lula, está querendo conversa. Demonstra que já se irritou bastante com ela nos últimos dias, tentando fazer com que a crise não se instalasse no Brasil e atingisse o PT.

As providências anunciadas por Dilma, como esta lei anticorrupção, não passam de uma bobagem. Lá atrás, na época do mensalão, Lula anunciou a mesma medida e, como sempre, ficou no papel. A corrupção desenfreada implantada no Brasil, principalmente com o petrolão, só será reduzida, acabando com a impunidade que campeia em nosso país em todos os níveis. Até mesmo os bandidos sabem que nada acontece e, por isto, vão em frente.

Tem chefe de quadrilha que controla o tráfico com os celulares que funcionam dentro dos presídios. E na política brasileira acontece a mesma coisa. O Governo deveria pensar mais no que está fazendo com os empresários. Se fizeram o que fizeram, foi por encontrarem campo fértil para corromper e serem corrompidos, por diretores da Petrobras, colocados nos cargos por políticos, para exigirem propina em cada obra.

Então, por que só os empresários estão “pagando o pato”? Enquanto isso, Dilma vai “sangrando” sozinha, assumindo culpas que deveria repartir com velhos e novos companheiros, sem tomar nenhuma providência efetiva. O povo, 84% dele, segundo o DataFolha, acredita que ela sabia da corrupção. Se sabia do fato, por óbvio sabia quem praticava. Mas se mantém calada. Difícil, mas ela pode ainda recuperar alguma credibilidade. Talvez com uma reforma ministerial que exclua os políticos de sempre. O povo não os quer. Será que Dilma não percebeu?

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