Copa do Mundo em dois países


Por José Arnaldo de Castro, engenheiro Civil e de Segurança do Trabalho

01/12/2017 às 07h39- Atualizada 01/12/2017 às 08h00

Se for feita uma retrospectiva das Copas do Mundo a partir de 1970, vê-se que muitas seleções e times cresceram muito no desempenho do seu futebol. Temos uma hegemonia dos times italianos, alemães e agora dos espanhóis ao longo desses anos. Claro que agora se tem, para a Copa de 2018 na Rússia, seleções que nunca pensariam que pudessem disputar uma Copa do Mundo se for analisado retrospectivamente. Como exemplo, podemos citar as seleções já classificadas como Irã, Arábia Saudita, Egito, Islândia e outros que nunca tiveram tradições em futebol. Outras que não o foram, mas estiveram perto de conquistar a sua vaga. O maior exemplo é a Síria. País em guerra civil há anos e disputou a vaga para ganhar. Não deu dessa vez, mas outras copas virão, e as chances serão renovadas. Parabéns a essas seleções tidas como “azarões” quer sejam classificadas ou não.

A Copa de 1962 foi um marco nas transmissões de TV. Com o advento do videotape, proporcionou aos amantes do futebol ver os jogos por inteiro, sem interrupções. Mesmo não sendo em tempo real, não interessa, viam-se os jogos e com direito a “repeteco”. A partir daí, todos os jogos estão guardados para sempre e com imagens espetaculares. Na Copa de 1970, foi introduzido outro marco nas transmissões televisivas. Os jogos foram transmitidos ao vivo, porém, aqui para o Brasil, ainda foi em preto e branco.

No México, onde foi realizada a Copa, o Governo local adquiriu equipamentos de última geração e a cores. As emissoras brasileiras que quiseram comprar uma cópia colorida assim o fizeram, mas a narração é em espanhol. Somente em 1973 é que foi introduzida aqui no Brasil a transmissão de TV em cores. Já na Copa de 1974, além de ser em tempo real, a transmissão foi a cores. Desde os meados dos anos 1960, o Governo foi aprimorando os sistemas de comunicações com a instalação de sistemas modernos. A globalização aplicada nas transmissões foi e é um fato marcante no Brasil. É de se supor que a tecnologia globalizada percorreu mundo afora em largas passadas, tornando o mundo menor. Por isso, como, aliás, não poderia deixar de ser, ela teve repercussão no mundo dos esportes. Hoje temos vários canais por assinatura especializados em esportes. Se alguém na década de 1950, por exemplo, pudesse prever a tecnologia atual e o acelerado processo de inovação, não teria condições de fazê-lo.

Mas, quanto à Copa do Mundo, tem-se uma questão a ser discutida e analisada com carinho pela Fifa. Seleções como da Itália, Alemanha, Inglaterra, França não poderiam ficar de fora de uma Copa do Mundo. Elas dão um brilho maior à competição. Repito, outras seleções “menores” têm que ter sua vez. É justo e salutar para a competição. Quem poderia imaginar que a Alemanha derrotasse a Seleção Brasileira por 7×1? Aberração do futebol? Pode até ser. Os mais otimistas dirão: coisas do futebol.

Refiro-me à desclassificação da seleção italiana. É humilhante para os italianos como foi para nós brasileiros na Copa de 2014 quando perdemos humilhantemente para a seleção alemã por um placar tão dilatado. Como o padrão dos times e das seleções europeias elevou-se substancialmente nas últimas décadas, a Fifa poderia ter mais uma chave incluindo países da Europa Ocidental e Oriental. É bem provável que em alguns países não haja estádios e acomodações que comportem tantos jogos de uma só vez. Mas a mídia noticiou recentemente que a Fifa tem a intenção de patrocinar copas do mundo em dois países próximos um do outro. Haja vista a Copa de 2002, que foi realizada na Coreia do Sul e no Japão com êxito total. O ônus de construção de estádios monumentais e reforma de outros ficará dividido entre esses países-sede. Se for verdade essa intenção, temos que aplaudir a ideia.

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