O histórico calendário


Por LUÍS EUGÊNIO SANÁBIO E SOUZA, ESCRITOR

01/01/2015 às 07h00- Atualizada 02/03/2018 às 13h18

Alguns acontecimentos históricos impressionam. Fascinante, por exemplo, é o fato de que certa vez um homem chamado Ugo disse ao mundo que após o dia 4 de outubro de 1582 não seria dia 5, mas dia 15 de outubro. Pegou! Ou seja, o mundo aceitou a proposta de Ugo! Mas quem era este Ugo? Ugo era o nome de nascimento do Papa Gregório XIII, que dirigiu a Igreja Católica entre 1572 e 1585. Através de uma bula pontifícia (documento papal) denominada “Inter gravíssimas”, o Papa Gregório determinou a supressão de dez dias do calendário juliano então vigente. Nascia então o calendário gregoriano, adotado até hoje na maioria dos países.

O antigo calendário juliano fora implantado pelo imperador romano Júlio Cesar no ano 46 a.C, mas, devido à uma imprecisão, este calendário estava atrasando, com o passar dos séculos, a data da festa cristã da Páscoa. Diante deste problema, o Papa Gregório instituiu uma comissão formada por brilhantes matemáticos e astrônomos para estudar a questão. Liderava esta comissão um notável matemático e astrônomo jesuíta chamado Cristopher Clavius. Depois de cinco anos de estudos, o Papa então aprovou e instituiu o novo calendário.

As nações católicas logo adotaram as mudanças. Depois, ao longo do tempo, as demais nações aceitaram o novo calendário que havia sido cientificamente elaborado numa sala astronômica do Vaticano. Contudo, alguns estudiosos (sobretudo do século XX) afirmaram que o calendário gregoriano, embora preciso, é imperfeito. Consequentemente, haveria necessidade de novas mudanças e correções. Sobre isso, a Igreja Católica assim se pronunciou em 1963 através do Concílio Vaticano II: O sagrado Concílio “declara não se opor às iniciativas para introduzir um calendário perpétuo na sociedade civil. Contudo, entre os vários sistemas em estudo para fixar um calendário perpétuo e introduzi-lo na sociedade civil, a Igreja só não se opõe àqueles que conservem a semana de sete dias e com o respectivo domingo. A Igreja deseja também manter intacta a sucessão hebdomadária, sem inserção de dias fora da semana, a não ser que surjam razões gravíssimas sobre as quais deverá pronunciar-se a Sé Apostólica” (Concílio Vaticano II em 04/12/1963).

No ano jubilar de 2000, o Papa João Paulo II assim declarou: “Neste contexto, os dois mil anos do nascimento de Cristo (prescindindo da exatidão do cômputo cronológico) representam um Jubileu extraordinariamente grande não somente para os cristãos mas indiretamente para a humanidade inteira, dado o papel de primeiro plano que o cristianismo exerceu nestes dois milênios. Significativamente, a contagem da sucessão dos anos é feita, quase em todo o lado, a partir da vinda de Cristo ao mundo, a qual se torna assim o centro do calendário hoje mais utilizado. Não será este, porventura, também um sinal do incomparável contributo prestado à história universal pelo nascimento de Jesus de Nazaré?” (Carta Apostólica “Tertio millennio adveniente” nº 15).

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