Um lugar para ficar
A qualidade de vida em Juiz de Fora – que herdou o melhor os grandes centros, sem, necessariamente, importar suas mazelas – atrai vários públicos, especialmente da terceira idade
Com uma expressiva população idosa, Juiz de Fora tornou-se um lugar para ficar, isto é, os muitos que aqui chegaram, sob várias motivações, encontraram um porto seguro para desfrutar da qualidade de vida na terceira idade. Os militares costumam puxar a fila ante o caráter nômade da profissão que os leva aos mais distantes pontos do país. Boa parte dos que aqui serviram por um tempo retorna quando se encaminham para a reserva. Outros setores fazem o mesmo percurso bastando acompanhar os números: de acordo com dados do último censo do IBGE, Juiz de Fora registra 109.366 idosos, cerca de 20% da população de 540.756.
Ante estes números, as repórteres Leticya Bernardete e Nayara Zanetti foram às ruas para entender o fenômeno, já que, ao contrário da população acima da faixa de 60 anos, a cidade está entre os municípios com o menor número de crianças. Os dados do IBGE foram apresentados pelo jornal “Valor Econômico”, que colocam Juiz de Fora entre as dez cidades brasileiras com mais de cem mil habitantes com menores percentuais de crianças em relação ao número de moradores.
Há, pois, dois extremos a serem avaliados que, ao mesmo tempo são desafiadores e emblemáticos. Desafiadores ante a demanda dos dois segmentos; emblemáticos por registrarem o perfil de Juiz de Fora, polo da Zona da Mata e com uma capacidade de serviços acima da média nacional, o que faz dela porto para as demandas não apenas da região, mas também dos personagens que a conhecem e que aqui ficaram, ou retornaram.
Esses dois fatores implicam em ações permanentes, como apontaram os professores Reinaldo dos Santos – doutor em Demografia e professor do Instituto de Ciências Humanas da Universidade Federal de Juiz de Fora – e Emmanuel Pedroso, coordenador do Grupo de Pesquisa ID – Envelhecimento, acessibilidade e lugar!”, professor da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo, também da UFJF.
Em se tratando da terceira idade, a cidade dispõe de vários equipamentos, mas o principal desafio continua sendo a acessibilidade. O caso típico é o tempo do sinal em algumas travessias, exigindo, pois, discussão permanente sobre essa questão. Calçadas e sinais de trânsito são duas questões que sempre estão à mesa quando se fala da relação entre o idoso e a cidade. São demandas urgentes que envolvem, ainda, conscientização das demais faixas etárias.
As mais variadas pesquisas apontam o idoso como patrono financeiro de uma parcela importante da sociedade, mas, a despeito desta condição, ele ainda vive sob condição de desrespeito nos lares e nas ruas.
Quando se trata de políticas públicas, a cidade tem feito discussões permanentes, tanto no Executivo quanto no Legislativo, com grupos de trabalho. Também dispõe de várias entidades assistenciais atendendo a esse público. A qualidade desses serviços, sobretudo na saúde, faz do município uma referência.