RELAÇÕES DE PODER


Por Tribuna

31/07/2016 às 07h00

O acordo de delação premiada dos executivos da Odebrecht, prestes a ser homologado, é uma peça importante não apenas pelo viés processual, pois envolve cabeças coroadas da República, mas, principalmente, pela revelação das relações de poder que permeiam os bastidores da política. As empresas concedem benefícios para ganhar licitações, e as autoridades permitem, em troca de recursos para campanha ou para si próprias, num ciclo pouco republicano, que se estende através dos anos e acima do aspecto partidário.

Na edição de sexta-feira, o jornal “O Globo” antecipou trechos das denúncias, embora sejam apenas para instrução, mas suficientes para deixar muita gente com insônia. Do PT ao PSDB, passando por siglas menos expressivas, há um inquietante envolvimento que ia além do caixa dois de campanha, chegando à corrupção direta. Quem leu os primeiros ensaios antecipou que será chumbo grosso, pois trata-se da maior empreiteira do país e a que mais se envolveu no jogo político, tendo um arquivo próprio para tais negociações.

Há em curso uma legislação específica de combate à corrupção envolvendo agentes públicos, mas, para tragédia coletiva, o crime está sempre um passo à frente, usando sua maliciosa criatividade para burlar a lei. O primeiro teste será na campanha municipal deste ano, na qual já não vale o financiamento empresarial aos partidos e aos políticos. Por enquanto, a queixa é geral, com reclamações sobre como se fazer uma campanha sem dinheiro, mas só no fim é que será possível ver se o texto legal funcionou.

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