PELA MESMA CAUSA
Todos os candidatos a procurador-geral da República manifestaram a intenção de reforçar e dar continuidade às investigações da operação “Lava jato” sobre o envolvimento de deputados e senadores com a corrupção na Petrobras. Foi a melhor forma encontrada para evitar a ação do poder político sobre a próxima nomeação. Como todos estão lutando pela mesma causa, o Congresso não terá meios de barrar este ou aquele indicado, sob a garantia de que irá afrouxar os nós das investigações.
Foi uma decisão sábia, pois os envolvidos, sobretudo os de maior calibre político, têm usado a velha tática do “argumentum ad hominem”, pela qual se desqualifica o acusador independentemente do que ele venha a apresentar como prova. O ex-presidente Fernando Collor e os presidentes da Câmara e do Senado, Eduardo Cunha e Renan Calheiros respectivamente, como única defesa, têm feito duros ataques às instituições, especialmente o Ministério Público, tentando colocar-se como vítimas, quando os dados levantados até agora caminham em sentido contrário.
O grave desse enredo não se situa apenas no desapreço dos suspeitos pelas instituições, mas também pela ação de setores interessados no poder em pactuar com os envolvidos apenas pelos fins, isto é, sem atentar-se para os meios. A solidariedade dada a tais atores chega a ser uma afronta ao bom senso, pois atende apenas a interesses particulares, quando a vontade geral deveria prevalecer. Esta quer a apuração dos fatos, e, parodiando um dos envolvidos – Fernando Collor -, “duela a quien duela.”