Desafios da mobilidade
Cidade carece de uma ciclovia para atender a Zona Norte e de uma pista adequada na Avenida Brasil para os pedestres
Durante décadas, a mobilidade urbana foi tratada como um elemento de segunda linha, sem que políticas públicas de porte fossem implementadas, com raríssimas exceções. Os tempos são outros, mas a recuperação do tempo perdido tornou-se um desafio para os administradores que precisam conciliar a necessidade de tais ações com a falta de recursos. As prefeituras de um modo geral passam por uma crise profunda, fruto, em boa parte, da leniência de prefeitos que não fizeram as devidas contas e, em outros casos, da crise econômica que afeta o país em todas as suas instâncias.
No caso local, há várias demandas que carecem de solução. Umas de curto prazo, outras para um futuro próximo, mas também importantes. Na edição de domingo, a Tribuna mostrou a situação do passeio da Avenida Brasil no trecho até a Zona Norte, bastante usado por ciclistas e esportistas em caminhada ou em corridas. O quadro é preocupante, pois muitos pontos estão comprometidos pela falta de calçamento, induzindo os usuários ao perigo extremo de usar a pista dos carros.
Não é de hoje que se fala em construir uma ciclovia para atender a população da Zona Norte. O número de bicicletas é expressivo, mas o acesso é precário. Como bem destacou um dos entrevistados, a escolha não é simples. Ou usa a pista com os carros ou divide o passeio com os pedestres. A MRS confirma estudos para a ciclovia, mas não estabelece prazos, pois seria, agora, somente um projeto sem definir a execução. A Prefeitura admite a necessidade, mas diz o que já se sabe: não tem recursos.
Em situações como essas, é necessário avaliar a prioridade. Além do espaço de lazer, a Avenida Brasil é um dos principais corredores de Juiz de Fora, carecendo de ações permanentes. A própria pista de veículos tem problemas, sobretudo quando vira Avenida JK, a partir do Bairro Industrial. O trecho passou por recapeamento há algum tempo, mas já está comprometido pelo excessivo número de veículos que dele faz uso.
Na falta de recursos próprios, o Estado e a União devem ser o destino das reivindicações, o que só é possível, porém, com projetos prontos e bem elaborados. Muitas demandas dos municípios são engavetadas pela burocracia de Brasília, especialmente, pela má qualidade dos projetos. Pode ser uma justificativa malfeita, mas tem sido recorrente o indeferimento de propostas pela falta de consistência. É fato que cidades do porte de Juiz de Fora, com estrutura técnica adequada, não têm esse problema, mas é fundamental, então, que a proposta da MRS seja acelerada. A população não pode mais esperar.