Consciência política pelo viés pedagógico
Consciência política: o Parlamento Jovem prepara os jovens para a política e lhes dá ferramentas para evitar as armadilhas das redes sociais
Na última terça-feira, a Câmara Municipal de Juiz de Fora instalou o Parlamento Jovem, edição de 2025, cujo objetivo é a consciência política, com a educação para a cidadania, fruto de uma parceria com a Assembleia Legislativa. O tema deste ano é: “A juventude e os direitos culturais”.
A cada edição, os temas mudam, mas o foco principal é conscientizar os jovens sobre a importância da política, entender como ela é e seu papel na geração de normas de conduta e soluções de convivência para a vida coletiva. Para este ano, foram sorteados 157 municípios em 19 polos regionais.
Os municípios são agrupados em polos, e Juiz de Fora participa do polo Zona da Mata II. O projeto deste ano contará com a participação de alunos das escolas estaduais Duarte de Abreu, Professor José Freire e Antônio Carlos, do Colégio Politécnico Pio XII e do Colégio Santa Catarina. Do mesmo polo fazem parte estudantes de escolas de Astolfo Dutra, Barbacena, Descoberto, Goianá, Guarani, Lima Duarte, Piraúba, Santos Dumont e São João Nepomuceno.
O Parlamento fala de política, mas se afasta dos partidos, a fim de garantir que a discussão sobre cidadania não seja afetada pelo viés ideológico. Os estudantes discutem projetos que ganham significado para a sociedade. A opção ideológica é individual e pode até ser resultado dessa conscientização política.
A experiência, que se repete em todos os anos, é importante e deveria ser replicada em outras instâncias por gerar conhecimento e conscientização. Os jovens são o melhor meio de multiplicação e, quando têm compreensão da política em lato sensu, tendem a ser personagens mais ativos também no jogo partidário.
Num ciclo em que as redes digitais são utilizadas para fins diversos, os participantes do Parlamento saem na frente, por ganharem meios de avaliar os ganhos e os danos das redes sociais. A modernidade tem sido marcada por enfrentamentos, que, em boa parte das vezes, se escudam na ignorância coletiva para proliferarem. A consciência política é um antídoto contra a manipulação.
A iniciativa da Assembleia e a parceria com câmaras municipais e escolas são um avanço de grande repercussão. O Brasil, desde 2026, vive uma profunda inflexão, na qual os atores estabeleceram um maniqueísmo que atrai, para ambos os polos, seguidores que nem sempre têm a necessária conscientização política, tornando-se, pois, multiplicadores de propostas nem sempre conectadas à realidade.
Os jovens que passam pelo Parlamento podem até participar desse antagonismo, mas o fazem conscientes em razão do que lhes é oferecido nos diversos ciclos de debates apresentados.