Bandeira branca

Trégua entre presidente da República e presidente da Câmara melhora o ambiente para votação da reforma da Previdência, mas ambos têm que provar que a conciliação é para valer


Por Tribuna

30/03/2019 às 06h22- Atualizada 30/03/2019 às 11h32

O presidente Jair Bolsonaro e o presidente da Câmara, Rodrigo Maia, estabeleceram uma trégua após uma semana em que ambos elevaram o tom num embate estranho em torno de demandas de interesse único, como a reforma da Previdência. Ambos repetiram um mantra de Magalhães Pinto, quando formava o Partido Popular com Tancredo Neves e encontrava dificuldades. De acordo com Magalhães, não havia desentendimento, mas faltava entendimento.

Com a bandeira branca hasteada, espera-se que as desavenças fiquem para trás e que o entendimento prevaleça, pois está em jogo um projeto de futuro, que não pode ficar à mercê de embates pessoais. Se o Governo não se articular em sintonia com a Câmara, a matéria, a despeito de sua importância, corre o risco de sair deformada do Parlamento, incapaz de produzir os efeitos necessários para a economia.

E cabe especialmente aos dois dirigentes indicar ao país que a trégua é para valer. Tanto no Congresso quanto no mercado, especialmente, há dúvidas sobre a pacificação anunciada na última quinta-feira. Não foi a primeira vez que ambos bateram de frente, nem é inédita a conciliação.

A participação do ministro Paulo Guedes nas articulações, como ficou claro na quinta-feira, quando se encontrou com o deputado Rodrigo Maia, tornou-se um fator a favor da reforma, pois o ministro já começa a entender que a instância política é estratégia para a economia. Sua ausência numa audiência pública da Comissão de Constituição e Justiça e a reação à desfeita lhe mostraram que não dá para fazer uma gestão unilateral em torno de um tema de tamanha relevância. Com a indicação do relator, Guedes já confirmou presença na sessão da semana que vem.

Por sua vez, o ministro Sérgio Moro, que também esticou a corda com o presidente da Câmara, já entendeu que não há viés pessoal contra o seu projeto de combate à criminalidade. Falta conversar, o que ele, agora, começa a fazer, após a reunião de quinta-feira. Nesse sentido, há consenso: todos querem enfrentar o crime que ora faz a população refém dos grupos organizados, mas é fundamental agir juntos, como se fosse um projeto de país e não de Governo.

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