Os cem dias

Os primeiros três meses são emblemáticos para os governos, pois serão determinantes para a continuidade ou não da lua de mel com os eleitores


Por Tribuna

29/12/2018 às 07h00

Não se sabe qual a convenção que estabeleceu o prazo de cem dias para execução de projetos fundamentais, mas tornou-se rotina, a cada mudança de governo, o estabelecimento deste prazo para execução de medidas estratégicas. Agora, prestes a tomar posse, o presidente eleito, Jair Bolsonaro, traça planos de cem dias, quando pretende fixar uma prioridade por ministério, revisar atos da gestão Michel Temer e enviar o pacote ao Congresso.

Em Minas, o governador eleito, Romeu Zema, tem pretensão semelhante, considerando que os primeiros passos de gestão são fundamentais para o sucesso do Governo. Sabe o que tem pela frente – ou pelo menos parte – e reconhece que o desafio é grande, uma vez que as contas de Minas estão de mal a pior. Mesmo assim, tem pretensão de mostrar o que pretende fazer com um novo modelo de administração. Provavelmente, haverá revisão de contratos, o que é parte do rito de passagem de uma gestão para outra.
Tanto na esfera nacional quanto no Estado, a expectativa é grande, bastando ver os números do último pleito. Bolsonaro, um deputado do baixo clero, chegou à Presidência da República com um discurso revisionista, avisando que mudaria conceitos e ações do Governo. Zema, na instância estadual, trilhou caminho semelhante, destacando que fará da sua administração um modelo de gestão, o mesmo que o levou a ser um dos mais bem-sucedidos empresários do país.

Há, porém, a questão política. O governador, principalmente, tem dito que pretende dar um viés profissional à sua administração, mas não pode ignorar a instância política. É justo e correto que implemente um novo modelo de articulação, sem passar pelo toma lá, dá cá que marca a cena política desde a redemocratização, mas não pode negligenciar suas relações com a Assembleia, pois é lá que serão travadas as suas principais batalhas.

Bolsonaro montou seu ministério sem a barganha, mas sabe – mais do que Zema, pois é deputado – que o jogo jogado no Congresso é para profissionais. Sua agenda está distante do balcão, mas precisará, necessariamente, falar com os partidos, pois a Câmara e o Senado são o foro adequado para discussão dos temas nacionais.

Os comentários nas postagens e os conteúdos dos colunistas não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é exclusiva dos autores das mensagens. A Tribuna reserva-se o direito de excluir comentários que contenham insultos e ameaças a seus jornalistas, bem como xingamentos, injúrias e agressões a terceiros. Mensagens de conteúdo homofóbico, racista, xenofóbico e que propaguem discursos de ódio e/ou informações falsas também não serão toleradas. A infração reiterada da política de comunicação da Tribuna levará à exclusão permanente do responsável pelos comentários.