MAIS UMA COMISSÃO
Após se encontrar com o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM), o senador Aécio Neves, presidente nacional do PSDB, disse que vai propor a criação de uma comissão para estudar a reforma política, cujos pontos centrais são a cláusula de desempenho e o fim das coligações. Os temas são importantes, pois há anos se fala na necessidade de sua implantação, mas a forma é preocupante, embora não haja outro caminho. A instância partidária gosta de uma comissão, e, na maioria das vezes, os resultados são decepcionantes, pois nem sempre são referendados pelo plenário.
O caso mais recente foi a comissão especial da reforma política, com formação suprapartidária que não chegou a lugar algum, embora suas conclusões tenham sido positivas. O senador tucano não precisa avançar tanto em outra comissão, basta recolher o que já foi discutido exaustivamente por esse grupo. O texto tinha propostas importantes, mas o que ficou foi apenas uma reforma eleitoral, relevante ao tratar do financiamento de campanha, mas sem avançar em outras questões fundamentais.
O Congresso precisa enfrentar temas relevantes para o país, como a reforma da Previdência, que vira e mexe entra na agenda, mas esbarra nos muitos interesses que envolve. Todos sabem o que pode acontecer, mas não houve, até agora, quem colocasse a mão na massa e pusesse o debate na mesa. O presidente em exercício, Michel Temer, voltou ao assunto, mas não há certeza de avanços.
No aspecto político, é necessário avaliar também o voto distrital. Num estado como Minas Gerais, com seus 853 municípios, é inaceitável se fazer campanha estadualizada. Nesse ciclo de convenções, os deputados estão sendo induzidos a visitar mais de 30 municípios, para atender suas bases, num custo físico e financeiro sem sentido. Mais do que isso, os eleitos não têm, sequer, tempo para visitar seus correligionários com frequência, tornando-se políticos paraquedistas, que só aparecem de quatro em quatro anos.