Correção de rumos
Presidente precisa atuar em várias frentes para colocar sua gestão de acordo com o projeto que o elegeu nas urnas de outubro de 2018
A Lei de Murphy, elaborada pelo engenheiro aeroespacial Edward Aloysius Murphy, em 1949, estabelece que, se algo pode dar errado, dará. Ela se adapta perfeitamente ao perfil do ministro da Educação, Ricardo Vélez Rodríguez, que desde o seu primeiro dia vem encontrando problemas para gerenciar uma das áreas estratégicas de qualquer Governo. Começou confundindo campanha com gestão, ao mandar os alunos cantarem o Hino Nacional e recitarem o lema de campanha do presidente Jair Bolsonaro; seguiu adiante com uma série de problemas em sua equipe. Chamado a prestar esclarecimentos no Congresso, admitiu ter assumido um abacaxi, mas não indicou interesse em sair. Esse sinal veio do próprio presidente, ao admitir, pela primeira vez, que o ministro “não está dando certo”.
Indicado pelo guru Olavo Carvalho, Vélez, um conceituado professor de filosofia com vários livros publicados e passagem pela Universidade Federal de Juiz de Fora, ainda não acertou a mão ao comandar o MEC. Sua equipe produziu uma série de desencontros, colaborando para o desgaste do Governo, por se tratar de uma das áreas com maior visibilidade diante da opinião pública. Perante tal situação, o ministro tem passado a culpa para os assessores, embora, na instância final, seja dele a responsabilidade.
Num momento em que enfrenta dificuldades para aprovar a necessária reforma da Previdência e mantém um embate desnecessário com o presidente da Câmara, Rodrigo Maia, o que o presidente da República menos precisa é de uma nova frente de problemas, pois o acúmulo de demandas afeta a imagem de sua gestão.
Embora não tenha pretensão de bater de frente com seu guru, o presidente Jair Bolsonaro já está se convencendo de que Vélez pode não ser a pessoa adequada para cumprir as metas que ele apresentou durante a campanha, o que deve levá-lo a fazer mudanças, impulsionado pelos próprios prazos. Há uma série de demandas, como a avaliação escolar, que precisam ser colocadas na agenda de prioridades, sem, no entanto, ter uma definição no próprio MEC.
Impasses internos são próprios de gestões, mas o acúmulo de problemas carece de uma discussão profunda do próprio Governo, a fim de começar a corrigir os rumos e os desencontros registrados nesses três primeiros meses de administração.