DE OLHO NO PODER


Por Tribuna

29/03/2016 às 07h00- Atualizada 29/03/2016 às 08h22

A reunião do PMDB, hoje, para definir o seu desembarque do Governo da presidente Dilma é uma etapa emblemática do debate que se estabeleceu em torno da chefe do Governo, cujo processo de impeachment, ora em tramitação no Congresso, poderá ganhar novos contornos. Na expectativa de poder – algo antes pensado só para 2018 -, que pode ser antecipada com a ascensão do vice-presidente Michel Temer ao posto máximo, os peemedebistas vão às urnas numa reunião acompanhada de perto pelo Palácio e também pela oposição.

Pelas contas de ontem, a defecção é certa, mas em se tratando de PMDB pode se esperar tudo, inclusive nada. O partido joga com uma lógica própria que ora está a seu favor, mas que depende, também, dos atos derradeiros do Palácio, que já estaria negociando os cargos que vão vagar – cerca de 600 – com os demais partidos, numa última tentativa de garantir, pelo menos, o quórum mínimo de 171 deputados para rejeitar o impedimento.

A lição a ser tirada, de novo, é a necessidade de se mudar a composição do parlamento, hoje fragmentado em mais de 30 legendas. Com tantas siglas, todas as ações são incertas, pois há facilidade para negociações, algumas delas nem sempre republicanas. O presidencialismo num cenário de coalizão cria dependência extrema do Governo, que é obrigado a acordos frequentes com os “aliados”, se quiser obter alguma vitória. O impeachment é o tema da vez. Os cargos que sobrarem do PMDB, se houver o desembarque, serão a medalha de troca.

Pesa contra o Governo a fragilidade do Partido dos Trabalhadores, que desde o último pleito viu a desidratação da bancada no Congresso. Não é um problema próprio do partido, mas fruto do próprio desgaste de material, que também afetou o PSDB. Os tucanos, hoje, são a metade do que tinham no Congresso nos tempos FHC.

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