VALOR DA VIDA


Por Tribuna

28/11/2015 às 07h00

A cidade acompanhou nos últimos dias uma série de crimes contra a vida – tentados e consumados -, que apontou para um novo componente da violência: o requinte de crueldade, como os dois em que as vítimas, para ocultação de cadáveres, foram esquartejadas e jogadas dentro do Rio do Peixe. Em outra situação, um pastor foi executado ao sair de casa, e as primeiras investigações não apontam uma causa provável para o crime. O valor da vida, não apenas em Juiz de Fora, mas pelo país afora, está em baixa, sobretudo na faixa de 15 a 29 anos, na qual as ocorrências são basicamente por tráfico de drogas ou confronto de grupos. As diferenças, hoje, em vez do diálogo ou até mesmo da discussão, são tiradas na bala, num recurso extremo e sem voltas. Em razão disso, o país está perdendo uma geração inteira para a violência.

A discussão é recorrente, pois as propostas apresentadas por especialistas acabam se encontrando num campo comum: na educação e na criação de oportunidades, mas é vital avançar mais, a fim de garantir, principalmente para as próximas gerações, um quadro em que haja mais espaço para a vida. Num tempo em que as informações trafegam em tempo real e em que as discussões passam por pouca moderação, isto é, por alguém que organize o debate, as tensões se exacerbam por simples detalhes, algumas delas culminando em medidas drásticas.

O Mapa da Violência aponta para uma virada, com números próximos aos dos últimos dois anos, acima de 130 ocorrências, algo inimaginável até algum tempo, quando a cidade ostentava médias bem mais baixas. Um dos pontos a ser colocado em pauta é a razão de tal crescimento, pois só se sabendo das causas é possível tomar medidas preventivas. Há quem considere ser uma curva irreversível, preferindo adotar medidas que estanquem o crescimento, mas o fundamental é manter o tema na agenda, pois só assim será possível cobrar dos atores políticos e instituições ações permanentes que promovam a vida, o que implica, necessariamente, a segurança dos cidadãos.

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