Após o sepultamento do Papa Francisco, a Igreja se volta para eleger o sucessor
O Papa Francisco deixou um legado de igreja universal, tema que deve pesar na escolha de seu sucessor
O sepultamento do Papa Francisco, no sábado, marcou uma das etapas da Sede Vacante, mas não tira as atenções para o Vaticano. A questão, agora, é a eleição do sucessor, a ser feita em Conclave, cujo início está confirmado para o dia 7 de maio. Reunidos na Capela Sistina, os cardeais irão definir qual Igreja vai prevalecer após os 12 anos do Papa vindo lá do fim do mundo, que derrubou muros e estabeleceu o diálogo entre religiões, com sua postura universalista.
Francisco criou a maioria dos atuais cardeais, o que, em princípio, apontaria para um papa com os mesmos propósitos, mas a cadeira de Pedro não é definida de modo tão simples. Desde a sua ascensão, em 2013, diversos setores se movimentam na tentativa de emplacar suas teses. São grupos importantes e que terão influência na eleição.
Tão logo assumiu, o Papa Francisco percebeu que havia setores resistentes aos seus ideais. Eles ainda são fortes, especialmente nos Estados Unidos, onde conservadores atuam em todas as frentes graças ao seu poder midiático, respaldado por instâncias de poder. O presidente Donald Trump é uma delas.
Como já foi apontado neste espaço, o próximo passo terá muitos desafios, a começar pela secularização, que é um dado real, especialmente na Europa, e pela perda de fiéis para as igrejas neopentecostais. Dados do IBGE, revelados em primeira mão pelo jornalista Gerson Camarotti, da TV Globo, indicam que, até o início do papado de Francisco, a perda estava em torno de 1% de fiéis por ano. Francisco não reverteu a queda, mas a conteve. A evasão ficou estável, bem abaixo dos níveis anteriores.
Em tempos digitais, a Igreja precisa estar conectada, especialmente aos jovens, que têm nas redes sociais a sua fonte de informação primária.
A expectativa é, de acordo com os vaticanistas, que o sucessor não seja progressista nem conservador, replicando o caminho do meio defendido na política, mas que ainda, pelo menos no Brasil, não se consolidou.
Dessa forma, seria um pontífice ligado à modernidade, mas ciente de que os passos não devem ser dados na mesma velocidade do antecessor. Seria um papa de contenção, capaz de atender a demanda de ambos os lados sem implicar o recuo nos projetos do cardeal argentino, que veio lá do fim do mundo para fazer mudanças tão importantes. Bergoglio queria um sucessor com o perfil de João XXIII, enquanto seus seguidores querem um Francisco II. Pelas articulações, o sucessor pode ter um perfil de Paulo VI, que deu continuidade ao Vaticano II.
O sucessor do Papa Francisco terá grandes desafios, a começar pela conciliação das correntes da Igreja que defendem teses distintas