Perfil apresentado pelo IBGE aponta exige prioridade para a educação
O crescimento da escolaridade da população é um bom indicador, mas os números do IBGE revelam que ainda há muito a ser feito
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É possível celebrar o novo perfil educacional do país quando este indica que a população com nível superior completo cresceu 2,7 vezes em 22 anos, segundo dados do Censo Demográfico 2022, divulgado nesta quarta-feira pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). A população com 25 anos ou mais com acesso ao ensino superior completo subiu de 6,8% para 18,4% entre 2000 e 2022. Norte e Nordeste são as regiões brasileiras com menor acesso ao ensino superior, com 14,4% e 13% em 2022, respectivamente.
Não há surpresas quando os dados mostram que as regiões Sul e Sudeste apresentam os melhores índices, mas chama a atenção a proporção da população preta com 25 anos ou mais e nível superior completo, que cresceu 5,8 vezes no período, saindo de 2,1% em 2000 para 11,7% em 2022. Trata-se de um avanço, se olhado pelo copo cheio, mas é também um indicador de desigualdade quando comparado com outras raças. A população parda com esse nível de ensino cresceu 5,2 vezes, saindo dos 2,4% em 2000 para 12,3% em 2022. A população amarela, porém, tem maior nível superior completo, com 44,1.
A educação é um dos principais vetores para a ascensão social, a despeito de os investimentos ainda estarem aquém das necessidades. No caso do ensino superior, as universidades públicas continuam encontrando dificuldades em gerenciar seu orçamento. A conta não tem fechado, implicando redução de programas.
A análise divulgada pelo IBGE trata especialmente do ensino superior, mas é necessário colocar fichas, também, nos cursos técnicos, que são estratégicos para a economia. O setor produtivo tem encontrado dificuldade em encontrar mão de obra qualificada. Há, é fato, serviços importantes como os oferecidos pelo Sistema S, mas as demais instâncias não têm o mesmo empenho.
A pesquisa indica, ainda, uma redução na frequência escolar dos 18 anos aos 24 anos, que de 31,3% caiu para 27,7%. É um dado preocupante e emblemático. Trata-se de uma geração que tem uma visão distinta do mundo. As mais diversas pesquisas analisando seu comportamento são enfáticas em indicar que o diploma de curso superior não tem sido sua prioridade.
Em tal cenário, vale buscar apoio de especialistas para buscar alternativas para esse segmento. Não se trata de uma inflexão apenas no Brasil. As redes sociais estabeleceram um diálogo global, e é possível perceber um viés homogêneo nessa faixa etária. Avaliar experiências com bons resultados é um dos caminhos, embora haja consenso de ser a educação o caminho mais adequado não apenas para ascensão profissional, mas também para ampliar a compreensão do que ora ocorre da aldeia às metrópoles.