O permanente risco das chuvas

A cidade deve estar pronta para enfrentar o ciclo de águas, o que implica ações do Poder Público e também da população


Por Tribuna

27/12/2018 às 07h00

Juiz de Fora vive um início de verão atípico. Nunca choveu tanto como nos últimos dias, especialmente na segunda-feira, véspera de Natal, quando a população se preparava para uma noite de celebração. De acordo com os institutos que medem o volume de água, em algumas regiões, o temporal chegou a significar 23% da média do mês, o que é muito, sobretudo para uma cidade com topografia comprometida. Como resultado, o número de desabamentos de barrancos e inundações de rua foi expressivo.

Os dados ainda não foram todos contabilizados, mas já se sabe que pelo menos uma pessoa está desaparecida após ter seu carro carregado pelas águas do temporal, indo para o Rio Paraibuna, o principal e que corta o Centro da cidade. As buscas, até o fechamento desta edição, ainda continuavam. Este é um dano irreversível, fruto do inesperado aumento do fluxo de água de uma hora para outra.

Com a impermeabilização do terreno, as metrópoles, ao contrário de outros anos, são suscetíveis a inundações inesperadas. As chamadas cabeças de água surgem de um momento para outro, surpreendendo a população. O córrego de Santa Luzia é um típico cenário dessas condições. De repente, a água sai de seu leito e ocupa as avenidas Ibitiguaia e Santa Luiza em rápido instante. Foi o que aconteceu também no Linhares, cujo saldo foi o mais grave.

Os temporais têm sua época própria, e é preciso, então, que todos estejam preparados para enfrentá-los. A Defesa Civil deve insistir em campanhas de alerta à população e esta, de sua parte, precisa fazer o dever de casa, não ocupando áreas de risco nem jogando lixo nas encostas. Por conta de sua topografia, a cidade tem como consequência situações críticas, como a de segunda-feira.

Como o verão só está começando e as previsões indicam que nesta temporada o volume de chuvas será mais expressivo, é fundamental a implementação de ações preventivas. As águas são bem-vindas, pois enchem os mananciais e garantem o abastecimento, mas, quando não se prepara para elas, em vez do benefício, trazem a tragédia em seu curso.

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