A praça é nossa
Ocupação dos espaços públicos tem que ser discutida entre o Poder Público e a comunidade, sob o risco de, em não o fazendo, errar na sua execução
A praça é um instrumento de lazer, de aproximação, de debates, de uso geral, o que faz dela um espaço do povo, mas nada disso será relevante se não houver o cuidado, algo pouco comum em boa parte do Brasil e que se apresenta em várias delas em Juiz de Fora. Faltam manutenção, com equipamentos comprometidos, e demandas que, por não terem sido cumpridas, tornaram-se fator de afastamento do virtual beneficiado: o povo.
A ocupação das praças, porém, não é um mero exercício de uso. São necessárias várias ações que impõem responsabilidades aos gestores diretos, no caso o Poder Público, mas também aos usuários. É comum a cobrança de ações da Prefeitura quando muitas delas são podem ser efetivadas pela comunidade. Raros são os casos em que cidadãos abnegados, como a Tribuna mostrou na edição dessa terça-feira, exercem esse papel. Se cada um fizesse um mínimo, certamente o cenário das 170 praças da cidade seria melhor. Os equipamentos não se quebram sozinhos. O dano é um ato humano, fruto, sobretudo, em decorrência da falta de educação.
A proposta de padrinhos para tais espaços, com ou sem o viés oneroso, é uma saída, mas isso não afasta a necessidade de discussão permanente entre o Município, os órgãos que adotaram o espaço e a comunidade, pois só dessa maneira será possível conciliar interesses. Muitas vezes, há falhas no uso por não ter havido uma discussão prévia. Decisões unilaterais, por mais bem-intencionadas que sejam, são temerárias por conta de errarem na execução.
Como bem destacou a professora Aline Cruz, da Faculdade de Arquitetura do CES, é fundamental avaliar a vocação de cada região. Caso contrário, há a possibilidade de se gastar com algo que a comunidade não quer, enquanto o que ela precisa é destinado para outra região.
A Empav, ora em processo de reestruturação, não tem meios de bancar sozinha esse projeto, não apenas pela falta de recursos, mas também por outras ações que estão sob sua responsabilidade, mas deve ser a indutora de toda a discussão que precisa ser feita. A maioria dos bairros tem representações populares que ficam ao largo desse debate. Chamá-las para a mesma mesa é uma necessidade que vai além da questão das praças. Esse debate permanente reduz o desgaste que marca as gestões, por colocarem todos sob o mesmo foco.
Para isso, porém, alguém tem que puxar a fila.