Mobilidade urbana

Impasses jurídicos, falta de recursos e planejamento de curto prazo influem diretamente no modelo de trânsito das cidades de médio e grande porte


Por Tribuna

26/03/2019 às 06h12- Atualizada 26/03/2019 às 07h25

Quando ainda se discutia a instalação do Independência Shopping e a ampliação da rede hospitalar da Zona Sul da cidade, um levantamento indicou que a então Avenida Independência teria seu fluxo de carros comprometido por conta da nova demanda. Ele também apontava a necessidade de investimentos nas demais vias, como a Rua São Mateus e sua extensão pelo Bairro Cascatinha, por considerar que só dessa forma seria possível evitar o que ora se repete todos os dias, especialmente no trevo de acesso ao Bairro Estrela Sul – à época sequer nas planilhas de seus empreendedores.

Como pouco ou quase nada foi feito, a conta chegou com os novos empreendimentos. O trevo é uma dor de cabeça permanente para os usuários, especialmente na hora de pico, quando os acidentes se repetem com grande frequência – os estudos não saem do papel. Há cerca de um ano, como a Tribuna revelou na edição de sábado, empresários da região patrocinaram um levantamento do fluxo de automóveis na Alameda Alexandre Leonel, a fim de dar suporte para mudanças no trevo. Em nota, a Secretaria de Transporte disse apenas que ele ainda carece de liberação pela instância jurídica.

Todos reconhecem o excesso de ações no setor, mas levar um ano para tal análise vai além do esperado, sobretudo pela prioridade que deveria ser dada ao estudo. O que ora ocorre afeta a vida de milhares de usuários, inclusive do transporte coletivo, o que, por si só, já deveria indicar ao Governo que não dá para esperar tanto tempo. É necessário estabelecer prioridades, o que deve partir do próprio prefeito, ciente do problema.

A mobilidade urbana tornou-se um desafio das grandes cidades e das de médio porte – como Juiz de Fora – implicando estudos e ações permanentes para resolver tal questão. Há problemas em todas elas, sobretudo por conta do ciclo virtuoso da economia, quando a aquisição de carro virou o mote das famílias de classe média, sob incentivo do Governo pelo consumo e pelas concessões às montadoras. Os preços ficaram acessíveis, e as ruas foram inundadas por novos carros.

A falha não foi na compra, e sim nas consequências. A União não repassou recursos para estados e municípios investirem na infraestrutura para enfrentar o novo cenário urbano. O resultado está no dia a dia, com engarrafamentos e retenções, numa perversa rotina que o brasileiro incorporou a fórceps diante da falta de outras opções.

Em Juiz de Fora, o trevo do Estrela Sul é apenas a face de uma discussão que se volta também para outras regiões, como a passagem de nível da Benjamin Constant ou da Avenida dos Andradas na altura do Museu Mariano Procópio. Há projetos, como a passarela da passagem de nível da Benjamin, mas entre projetar o que será feito e tirar do papel há uma distância abissal, principalmente quando não há recursos. Enquanto isso, os problemas continuarão.

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