MUY AMIGOS


Por Tribuna

26/02/2016 às 07h00- Atualizada 26/02/2016 às 08h33

Quem acompanhou o programa do PMDB, ontem, por uma rede de rádio e televisão, ficou com a clara impressão de que o partido faz parte da base do Governo, mas age como oposição. Os discursos, sobretudo na questão econômica, foram típicos dos críticos da gestão da presidente Dilma Rousseff. Em momento algum, o vice-presidente Michel Temer e seus liderados disseram que são contra, mas não foi preciso a formalização dessa posição para entender o desconforto da legenda com o atual momento econômico. O partido não só insistiu no seu projeto como deixou clara a meta de poder para 2018, quando tem planos de sair da sombra do PT e do PSDB para ter candidato próprio à Presidência da República.

Mas o inferno astral da presidente da República não se esgota no aliado. Ela vive um dos momentos mais difíceis com o seu próprio partido. O PT, em quase todas as tendências, rejeita iniciativas da presidente nas questões da Previdência Social, no corte dos gastos públicos e na possível suspensão do ganho real do salário mínimo, pois considera que ela está fazendo o jogo neoliberal e desgastando a legenda, que tem eleições municipais em 2016. O termômetro da relação será testado amanhã, quando o partido irá comemorar seu 36º aniversário com uma festa no Rio, com a presença do ex-presidente Lula. Dilma, segundo se especulou em Brasília, não está disposta a comparecer, pois teme ser hostilizada, já que não pretende abrir mão de suas iniciativas.

Não se sabe até que ponto a corda continua esticada, mas faltam bombeiros nesse cenário em que os dois lados precisam discutir a relação. Se, por um lado, a presidente não vê outro caminho para colocar o país nos trilhos, jogar duro contra seu próprio partido e com o principal aliado é um risco, pois pode ficar isolada no Congresso, com uma oposição disposta a apeá-la do posto por meio de ações no Tribunal Superior Eleitoral e nem sempre interessada em apoiar suas medidas de reforma da economia.

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