Não aprendeu nada
Acidente em Brumadinho mostra que as empresas não tomaram as devidas providências e a fiscalização não se mostrou eficiente para alertar sobre os riscos de rompimento da represa
O rompimento da Barragem de Mariana, há três anos, responsável pela morte de 19 pessoas na região de Bento Rodrigues, em Minas Gerais, e considerado o maior acidente ambiental da história do país, não serviu de exemplo, pois se repetiu, a despeito das proporções, na cidade de Brumadinho – município da Região Metropolitana de Belo Horizonte. O rompimento da represa da Vale do Rio Doce repete o mesmo cenário de medo e apreensão por conta de sua dimensão. As autoridades ainda avaliam o que será feito, mas nada pode replicar o que ocorreu no Rio Doce. Até hoje, as famílias ainda clamam por seus direitos, e a punição aos responsáveis mal saiu do papel.
Junto com o Pará, Minas é o estado que detém o maior número de barragens em função das mineradoras que atuam, principalmente, na região central, mas até hoje não estabeleceu uma legislação capaz de garantir a segurança das populações que vivem no entorno, nem meios de ressarcimento pleno por prejuízos de tamanha magnitude.
Quando ocorreu a tragédia de Mariana, o discurso recorrente foi de que tal situação não se repetiria, pois as autoridades do setor iriam fazer fiscalizações sistemáticas das barragens, aferindo frequentemente a sua capacidade. É cedo para dizer o que houve em Brumadinho, mas já é possível considerar que o acidente foi resultado de algum tipo de leniência. As empresas têm um discurso próprio para dizer que respeitam as normas e acompanham diariamente a segurança das represas, mas, quando a situação se repete, essa postura vai por água abaixo, apontando, sim, que, enquanto não houver multas severas, o risco de novos acidentes vai permanecer.