O QUE VIRÁ
A semana começa sob o signo da incerteza, pois o jogo político está sendo jogado em etapas, sobretudo pelo surgimento diário de fatos novos. Na semana que terminou, a discussão foi em torno de um possível acordo entre o Governo e o presidente da Câmara, que também estaria negociando com a oposição para conservar o seu mandato. No período que começa, está em aberto o debate sobre até quando o dirigente peemedebista vai resistir, pois as evidências contra ele estão se acumulando. Eduardo Cunha continua sendo um player da política por conta do posto, tanto pode adiantar como atrasar a pauta da Câmara Federal, dependendo das circunstâncias. E tem jogado com essa única carta para garantir sua sobrevivência.
O próximo debate, portanto, é a dimensão do seu fôlego. Hoje, ele vai contra a máxima de que contra fatos não há argumentos, insistindo estar sendo vítima do procurador-geral da República, que faz contra ele uma cruzada pessoal. Exagera, mas, como conhecedor dos meandros da política e da Justiça, cria um discurso para servir de argumentação na hora da defesa. As provas só crescem, inclusive com o envolvimento de sua mulher, a jornalista Cláudia Cruz, mas o deputado não se entrega.
Sua permanência, porém, tem prazo de validade. Quando Governo e oposição entenderem que ele mais atrapalha do que ajuda, certamente irão buscar novos caminhos. Isolado e sem respaldo dos pares, o presidente da Câmara terá que dar espaço para seu sucessor, ainda mais se o Supremo Tribunal Federal entender que já é hora de as evidências pesarem contra seu mandato. Talvez, para garantir pelo menos o mandato de deputado, ele entenda ser preciso ceder os anéis para conservar os dedos.