Mais um rebaixamento do Brasil por agências internacionais – agora foi a vez da Moody’s – aponta para um impasse: ou o país resolve sua questão política, ou a economia vai degringolar mais ainda, uma vez que os dois pontos estão ligados. E é aí que reside o problema. As investigações da “Lava jato” e as discussões dentro do Congresso, em que o presidente da Câmara faz todo tipo de manobra para preservar o mandato, são cada vez mais preocupantes, porque não se enxerga a luz no fim do túnel. Ao contrário, as manobras de Cunha e as novas prisões indicam que a temperatura vai continuar alta, comprometendo discussões única e exclusivamente econômicas.
O próprio Governo teria orientado seus líderes no Legislativo a medirem a temperatura do debate em torno da CPMF, pois pretende colocá-la em pauta ainda neste primeiro trimestre. Certamente, o resultado será negativo. Enquanto a distribuição dos recursos entre União, estados e municípios não for pacificada, haverá reação em todos os segmentos. Em recente visita a Juiz de Fora, o prefeito de Belo Horizonte, Marcio Lacerda, que também preside a Frente Nacional de Prefeitos, disse que até concorda com o repasse de 0,9%, mas rejeita a forma. Os pequenos municípios querem que seja feito pelo Fundo de Participação. Nesse caso, capitais e municípios de maior porte perdem.
Mas o problema maior não está na ação de prefeitos e vereadores, e sim fora do Parlamento. O presidente da Associação Comercial de Juiz de Fora, Aloísio Vasconcelos, desembarcou ontem em Brasília disposto a vender aos seus colegas da Confederação das Associações Comerciais o discurso de impropriedade do tributo. Levou até o mote “Xô CPMF”, que já se espalhou pelas redes sociais. Se comprarem seus argumentos, será mais um setor contra, somando-se aos muitos outros que também rejeitam a nova cobrança. Entre os consumidores, a indignação é maior ainda.