FILME DE TERROR
Crítico contumaz do Brasil, especialmente no viés econômico, o jornal britânico “Financial Times”, em seu editorial de quarta-feira, diz que a atual situação do Brasil é comparável a um “filme de terror sem fim” devido às crises política e econômica. Num ponto é possível concordar: a cada dia, surgem fatos novos que, em vez de alívio, indicam que a luz no fim do túnel ainda está distante. A combinação dos escândalos com o aumento da crise econômica deixa o brasileiro à beira de um ataque de nervos, sobretudo por não saber aonde isso vai parar. Os economistas otimistas dizem que até o final de 2016 a situação não muda, enquanto os pessimistas esticam os prazos, mas não fazem previsão de data.
Nesse enredo, assiste-se, também, ao embate político entre Governo e oposição, com a presidente Dilma Rousseff sob pressão permanente, inclusive nos tribunais, que agora julgam as chamadas pedaladas. O TCU, a quem cabe avaliar o tema, garante que será um julgamento técnico. O Governo não tem essa certeza, temendo o olhar político dos ministros no processo. Até agosto, quando se prevê uma decisão, o clima de incertezas vai prevalecer, o que é ruim para todo mundo.
Voltando ao “Financial Times”, o filme de terror que não acaba nunca se reflete em todos os segmentos: os políticos, que têm uma ampla agenda no Congresso, estão de olho na relação com o Planalto. O setor produtivo encolhe os investimentos, pois não sabe no que dará o ajuste fiscal do ministro da Fazenda, Joaquim Levy. E a população, por não fazer parte do jogo, fica perplexa, pois sabe que, em última instância, é no seu colo que cai a conta.