Na linha de tiro

A ousadia do crime organizado se mostra visível quando se descobre um arsenal de armas e drogas numa área isolada da cidade, pronto para encaminhamento aos grandes centros


Por Tribuna

24/05/2019 às 06h52

Ponto para a polícia por atuar com eficiência no desmonte de um arsenal de armas e drogas na área rural de Juiz de Fora, mas há um dado preocupante: a cidade, diante de tamanha evidência, está na rota do tráfico, que tinha por aqui uma espécie de “porto seco”, como lembraram os policiais, pronto para distribuir o produto para Juiz de Fora e região e centros de consumo, como o Rio de Janeiro. As investigações continuam, pois somente um homem foi preso, e há necessidade de se identificar com precisão quem são os líderes da organização. O produto, pelas primeiras avaliações, veio do Paraguai.

Além da droga, outro dado foi o número de armas que, certamente, estavam no pacote de distribuição. Pelo potencial de fogo do armamento, o destino provável eram traficantes organizados que usam material pesado para manter o controle em seus territórios.

A droga tem sido um flagelo para a população, pois não se esgota no consumo. Ela tem danos colaterais de toda espécie, que começam pela própria família dos usuários. Muitos dependentes, diante da falta de recurso, vendem os próprios bens e os da família para manter o vício. Na outra ponta, para consolidar o controle, os traficantes mantêm um permanente enfrentamento, deixando a comunidade na linha de tiro. O número mais expressivo de homicídios tem ligação direta nessa questão.

O ministro da Justiça, Sérgio Moro, assumiu com a missão de atacar também este problema a fim de retirar o país do topo da lista de consumo e de exportação para o exterior. Para tanto, o aparelhamento das polícias, dando-lhes condição de trabalho, é parte importante no processo, pois os criminosos, como ficou claro na apreensão em Juiz de Fora, usam armamento de grande sofisticação.

Ademais, é necessário também reforçar as políticas públicas de atendimento aos dependentes a fim de garantir, sobretudo àqueles com menor posse, a possibilidade de abandonar o vício. Os muitos programas em atuação são, na maioria, por iniciativa de entidades privadas ou religiosas, embora o problema seja coletivo, exigindo do Estado um papel de maior relevância.

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