GESTOS INSANOS
Em tempos de muitas perguntas e poucas respostas, há espaço para se indagar sobre o que se passa na cabeça de uma pessoa que invade uma escola e não se contenta em cometer o tradicional furto, passando para uma instância de vandalismo, quebrando móveis e destruindo a merenda de centenas de alunos carentes, que têm nela, muitas vezes, a sua principal refeição. Da mesma forma, o que pensa um pichador que impõe sua marca numa igreja projetada por Oscar Niemeyer, em Belo Horizonte, e ainda compromete o mural Portinari, no mesmo espaço?
As duas ocorrências estão na edição de ontem da Tribuna, que apontou a destruição de portas, pichação de paredes, furto de objetos e sujeira nas portas da Escola Estadual Sebastião Patrus de Souza, em Santa Terezinha, e o que ocorreu na capital mineira. No caso local, trata-se de uma ação recorrente. Desde o primeiro dia do ano, dez registros, entre arrombamentos e vandalismos, foram feitos contra instituições de ensino.
O estado já se prontificou a repor as perdas, mas é preciso mais do que isso. Num cenário de tantas ocorrências em apenas três meses, fica claro que há algo de errado com a segurança de tais espaços. A figura do tradicional vigia foi substituída pela vigilância eletrônica, fruto dos novos tempos, mas é fundamental, já nesse caso, tirar a dúvida sobre o que ocorreu. A empresa de monitoramento diz que acionou a polícia, avisando que havia a suspeita de invasão na escola. Como resposta, não havia viatura disponível para conferir a ocorrência. No dia seguinte, a PM não confirmou ter recebido esse acionamento.
Além da segurança formal, a população tem que ser parceira, pois é a única vítima desse tipo de crime. Os praticantes de vandalismo, em boa parte, são da própria comunidade e conhecidos, protegidos pelo silêncio das pessoas de bem, temerosas de retaliação. E aí reside o problema. Enquanto tais personagens se calam, os criminosos se sentem confortáveis para novas ações.