Até quando?
Passado o primeiro impacto a respeito das denúncias que vieram à tona após a operação Carne Fraca, da Polícia Federal, o brasileiro agora enfrenta o pesadelo da falta de orientação sobre o que deve ou não consumir. As primeiras informações são todas voltadas para os grandes prejuízos econômicos advindos depois das ações policiais, porque o país, que tem na carne seu terceiro maior produto de exportação – atrás apenas da soja e do minério de ferro – , já sofre barreiras em várias nações compradoras. Obviamente, os prejuízos são incalculáveis para o Brasil, que lutou por muitos anos para levar sua carne para mais de 150 países com o selo de qualidade. Já se falam em desemprego e prolongamento da recessão a reboque desta megaoperação dos agentes federais.
Mas, independentemente desta questão, outras frentes deveriam se preocupar com o mercado interno e principalmente com a saúde do consumidor brasileiro, a maior prejudicada neste caso. O que se percebe, no entanto, é a falta de celeridade e de ações eficazes por parte das autoridades de uma maneira geral. As denúncias vieram à tona na última sexta-feira, 17, mas dias depois o brasileiro ainda continua indo ao supermercado com medo de colocar em seus carrinhos carnes e todos os outros alimentos embutidos delas derivados.
O exemplo deveria partir do Ministério da Agricultura, Agropecuária e Abastecimento na orientação de Vigilâncias Sanitárias e Procons municipais. Em Juiz de Fora, representantes da Secretaria de Agropecuária e Abastecimento e do Departamento de Vigilância Sanitária já se reuniram com o Procon para pensar ações, mas ainda aguardavam orientações no início da semana e, somente nesta quarta-feira, voltam a se encontrar para definir a forma de mapeamento dos pontos de venda da cidade onde há produtos das empresas citadas na mídia nacional. O próprio Procon ressaltou a cautela necessária diante de tantas informações verídicas e inverídicas divulgadas. Mas é fato que, enquanto sobram dúvidas e faltam ações efetivas, muitos dos itens produzidos nas gigantes empresas colocadas sob suspeita continuam exibidos livremente para que os consumidores, o lado mais vulnerável desta história, os levem para casa. Até quando?