DIAS INCERTOS
Os episódios de Brasília andam na velocidade da internet. O que é fato consolidado hoje já não é amanhã, o que abre margem para incertezas coletivas sobre o futuro do país. Num dia, o ex-presidente Lula é ministro da Casa Civil, no passo seguinte, tem sua indicação impedida por liminar. Agora, é a vez de o Governo adotar o mesmo expediente para garantir-lhe a posse. O que não se sabe é o que virá com ele ditando a articulação política do país. Em tese, daria mais margem de negociação ao Planalto, ora emparedado até por aliados. Por outro lado, qual será a reação das ruas, que, agora, se manifestam todos os dias?
A única certeza é a necessidade de solução imediata para esse impasse, pois o país não só está parado como os ânimos, em vez de estarem apaziguados, estão mais exaltados, numa polarização que chegou aos estádios e até mesmo ao palco. Como a política está em baixa, as decisões estão por conta da Justiça, numa preocupante inversão, criada pelos próprios atores políticos, que deixaram os partidos à margem e partiram por outros caminhos.
A essa altura do campeonato, o que se vê é uma ausência de perspectiva ou até mesmo de algum nome que pacifique o país, a despeito de o vice-presidente Michel Temer estar se articulando para ser esse personagem, como Itamar foi quando Collor caiu. Hoje, o cenário é outro: Dilma ainda luta pelo seu mandato, e o representante do PMDB tem em seu próprio partido um problema. Os peemedebistas colocam os pés em duas canoas, contrariando a lógica de se ter lado. Em cima do muro, hoje, não é o melhor lugar para um partido de tal dimensão.