Melhor qualificar
Estudo do Ipea aponta pelo inchaço da máquina pública, mas é na qualificação dos profissionais que se encontra a saída adequada para o atendimento das demandas da população
Estudo apresentado pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), inserida no Atlas do Estado Brasileiro: uma análise multidimensional da burocracia pública brasileira em duas décadas, aponta que o número de servidores, nos últimos 20 anos, subiu 82%, e que o país já gasta 10,7% do Produto Interno Bruto com salários.
Os dados são emblemáticos, pois uma das discussões na ordem do dia é o serviço público. Pelos números, não há surpresa, pois a maioria está empregada nas áreas de saúde, segurança e educação, que demandam mais em relação a outros serviços, mas o que faltou ao debate foi a eficiência de tais setores. A população carece de serviços de qualidade em várias frentes, e é aí que deve se situar o foco de atenção.
O velho discurso envolvendo os comissionados é raso, pois eles significam apenas 1% da máquina pública, mas há margem para mudanças, sobretudo nos municípios, nos quais o patrimonialismo se expressa com o atendimento aos pleitos de patrocinadores de candidaturas. Muitas prefeituras estão com excesso de postos que poderiam ser supridos por funcionários de carreira, daí a necessidade de enxugamento desses cargos.
Quanto ao debate sobre a eficiência, ele se faz premente em função da demanda das ruas. O contribuinte paga imposto em demasia, e o retorno não se manifesta na mesma proporção, bastando ver os indicadores na saúde e na segurança, aquém das expectativas num país que precisa qualificar mais os seus profissionais para proporcionar aos usuários a necessária eficiência.