Vai de ônibus?
O que se espera em relação ao transporte coletivo em JF é que haja fiscalização e se investigue se todas as promessas feitas de prestação de serviços estão sendo cumpridas e, se não estiverem, que medidas previstas em lei sejam tomadas
Reportagem da Tribuna, divulgada nessa terça-feira, aponta o risco de um dos consórcios que atuam no transporte coletivo urbano em Juiz de Fora ter seu contrato rescindido com a Settra. A última licitação para a prestação do serviço na cidade foi realizada em junho de 2016, e, de lá para cá, muitas promessas para o transporte coletivo foram feitas, mas o que se vê não são exatamente melhorias, mas reclamações frequentes de usuários em relação ao atendimento prestado.
Apesar da dívida de uma das empresas com o Poder Público, a Settra sinaliza que será preciso ter cautela nos próximos passos, mas admitiu que há o risco de quebra do contrato. A secretaria lembrou, porém, que se trata de um serviço que atende milhares de juiz-foranos diariamente e “nenhuma medida intempestiva” poderia ser tomada.
Enquanto de um lado a empresa alega desequilíbrio econômico-financeiro, menor número de passageiros e falta de compensação entre as linhas deficitárias e as linhas rentáveis, a Settra argumenta que o contrato está sendo seguido à risca. Ou seja, não haveria desculpa para que houvesse má prestação de serviço à população.
Ao mesmo tempo, uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) dos Ônibus tramita na Câmara Municipal de Juiz de Fora. O que se espera é que haja fiscalização e se apure corretamente se todas as promessas feitas de prestação de serviços estão sendo cumpridas e, se não estiverem, que medidas previstas em lei devem ser tomadas? O cidadão comum precisa ficar atento para as cobranças, assim como o Poder Público precisa ter ciência que este é um dos mais essenciais serviços prestados hoje à população. Cobrar agilidade e apuração da CPI também é papel do cidadão.
Milhares de pessoas utilizam os ônibus na sua rotina para ir ao trabalho, ao estudo e se locomover diariamente. Independentemente de saber o que prevê a licitação entre Administração Municipal e Consórcios, o que o cidadão comum sabe é o preço que paga pela tarifa e se o ônibus que utiliza está atrasado, se quebra no caminho, se está superlotado, sujo e se está ou não atendendo suas necessidades. E esse serviço é que deveria ser de excelência. Para cobrá-lo, o cidadão precisa, sim, ser mais bem informado e tornar-se consciente dos seus direitos.
Países que se preocupam com a questão da mobilidade já deram exemplo de como o transporte coletivo é prioridade e necessita ser eficiente para que desestimule o cidadão a usar o transporte particular. Com menos veículos individuais nas ruas, ganharia toda a sociedade. Como já disseram especialistas de trânsito nesta Tribuna, com mais carros nas vias, crescem a emissão de poluentes, o risco de acidentes de trânsito e a própria qualidade de vida. No entanto, por aqui, ainda há muito que se avançar para que o juiz-forano deixe o carro ou a moto na garagem e opte pelo ônibus urbano. Por enquanto, o ônus dos problemas tem ficado com o passageiro. Até quando?