Metas permanentes

Combater as ações ilegais, a começar pelos blocos formados de última hora, é uma missão fundamental da segurança, mas é necessário avaliar, o mais rápido possível, medidas para o futuro


Por Tribuna

20/02/2019 às 07h10

O noticiário tem sido pródigo em apontar que, todos os anos, a cidade registra conflitos nas áreas urbanas envolvendo blocos clandestinos, que vão às ruas sem qualquer infraestrutura logística ou de segurança, deixando os foliões à mercê da própria sorte. O resultado é único. Na virada da madrugada, explodem os enfrentamentos de grupos que se espalham pelas ruas, colocando em risco todos os que estavam apenas dispostos a brincar e os moradores, que, na maioria das vezes, ficam ilhados em suas próprias casas e reféns dos episódios da rua.

Foi assim no ano passado, e agora, em duas ocasiões, as cenas se repetem. Há cerca de duas semanas, moradores do Bairro Bom Pastor foram surpreendidos por galeras que espalharam medo inclusive entre os participantes de um evento – autorizado pelo Município – no qual a degustação de cerveja era o mote. As galeras invadiram a praça, e o tumulto culminou com a ação dura da polícia para dispersar os vândalos.

No último fim de semana, as cenas migraram para o Bairro Santa Terezinha, com desfecho semelhante, o que levou a Comissão de Segurança da Câmara a convocar uma reunião extraordinária para discutir a formação de uma força-tarefa, cuja meta é atuar contra blocos ilegais. E aí tem razão o presidente da comissão, Sargento Mello Casal, quando defende a migração do viés provisório para permanente da comissão e um trabalho integrado com os demais agentes responsáveis pela garantia da ordem em tais eventos.

Como ele bem destacou, o que ora ocorre poderia ter sido evitado se houvesse ações preventivas, o que deve acontecer daqui para a frente, uma vez que outros eventos serão realizados, e o carnaval é uma festa de todos os anos. Brincar é um direito de qualquer cidadão, mas é fundamental a retirada das ruas dos responsáveis pelos tumultos.

Tais personagens não estão interessados na festa, e sim no conflito, para tirar a diferença com adversários e para reforçar uma identidade de poder. Sob esse aspecto, a internet tornou-se um fator nocivo, pois as convocações ocorrem pelas redes sociais com mobilizações rápidas e em qualquer ponto da cidade.

Como ainda há uma semana de carnaval, que em Juiz de Fora é antecipado com os blocos, espera-se que os foliões, nestes próximos dias, tenham direito a brincar. Ao mesmo tempo, é necessário garantir à comunidade o livre-arbítrio de ter o silêncio em seu entorno.

Os comentários nas postagens e os conteúdos dos colunistas não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é exclusiva dos autores das mensagens. A Tribuna reserva-se o direito de excluir comentários que contenham insultos e ameaças a seus jornalistas, bem como xingamentos, injúrias e agressões a terceiros. Mensagens de conteúdo homofóbico, racista, xenofóbico e que propaguem discursos de ódio e/ou informações falsas também não serão toleradas. A infração reiterada da política de comunicação da Tribuna levará à exclusão permanente do responsável pelos comentários.