MESMA TRINCHEIRA
Quando o ministro da Saúde, Marcelo Castro, disse que o país estava perdendo a guerra para o Aedes aegypti, o céu veio sobre sua cabeça, pois passava a impressão de inação do Governo ante os números alarmantes de contaminação. Dias depois, a presidente Dilma Rousseff, que também tinha ficado contrariada com o assessor, disse o mesmo, ao anunciar uma série de investimentos para combate ao mosquito indutor de dengue, zika e chikungunya. Em entrevista à Tribuna, ao abordar o tema, o prefeito Bruno Siqueira usou palavras fortes sobretudo quando considerou o enfrentamento uma guerra ante a situação. Mas não há adjetivos suficientes para tratar de algo tão grave. A cidade já registra seis óbitos sem margem para discutir se a contaminação aconteceu aqui ou em outros municípios. O fato central é o volume de ocorrências registrado.
Numa situação como essa, e que se desdobra pelo país afora, a ação governamental é estratégica não só na implantação de políticas públicas mas também em campanhas de esclarecimento, porém, todo o processo só terá resultado se a população também se envolver. Hoje, talvez movido pelo medo, o cidadão comum está convencido de que não pode ficar inerte. Já é um avanço, pois, à medida que cada um fizer a sua parte, parte do caminho estará andado. Uma das estratégias é apontar focos de contaminação e cumprir a jornada de dez minutos semanais, procurando em seu espaço pontos de proliferação do mosquito.
A explosão de casos em 2016, ano com mais chuvas, ao contrário de 2015, serve de alerta para os próximos ciclos. Determinadas medidas precisam ganhar o viés da continuidade, isto é, precisam ser aplicadas em todos os momentos. Mesmo com a melhora do número de casos, é fundamental continuar a luta até que, definitivamente, a contaminação seja superada. E isso só será possível com atores políticos envolvidos e população comprometida. Todos, afinal, estão na trincheira comum contra o mosquito.