Rio da vida
Despoluição do Paraibuna é um projeto de longo prazo, que vai precisar do apoio da população para garantir o ecossistema de seu curso
A inauguração da Estação de Tratamento de Esgoto, que amplia as ações de despoluição do Rio Paraibuna, inclui Juiz de Fora entre as cidades que se antecipam ao tempo e tratam dos seus rios com prioridade. O Paraibuna, como lembram os antigos, já foi limpo, com peixes e em condições de uso pela população. Basta ver fotos de jovens nadando em suas águas sem qualquer risco para a saúde. Os tempos, é fato, eram outros, mas a despoluição pode, sobretudo, recuperar o ecossistema, hoje comprometido pelo material jogado por residência e indústrias no seu curso. Há um longo trecho a ser alcançado, mas obras desse porte levam anos, sobretudo pela dificuldade de financiamento num cenário de economia contingenciada.
A despoluição tem as mesmas características de outros investimentos de grande porte que ficam longe do olhar das ruas, por estarem debaixo da terra. Foi assim quando Mello Reis renovou todo o serviço de captação de águas pluviais da Avenida Rio Branco, ou quando Itamar Franco abriu a avenida que hoje leva o seu nome e canalizou o córrego Independência. Mas os resultados são perenes. Não fossem esses projetos, a cidade teria sérios problemas de mobilidade – bem maiores do que os atuais – e ainda se veria à mercê de inundações frequentes no ciclo das chuvas em sua área central. Já faz parte do jargão popular que os políticos não gostam desse tipo de obra por não dar votos. Pode até não dar, mas a história faz justiça exatamente a esses personagens.
Mas o sucesso de empreendimentos desse porte também depende da população. A despoluição do Paraibuna não desonera a comunidade de cumprir o seu papel. É preciso incrementar ainda mais as campanhas educativas, a fim de lembrar que cada um tem que fazer a sua parte. No ciclo das águas, o próprio Paraibuna é testemunha da leniência popular ao ter seu leito inundado, especialmente, por garrafas PET que se descolam das encostas. Basta visitar a Usina de Marmelos, na região do Retiro, para constatar o flagelo da poluição.
Por isso, é necessário levar em conta que o rio é um bem comum e, como tal, deve ser bem tratado.